A propósito do décimo quarto aniversário de O INTERIOR comentei aqui que a Imprensa, por definição e princípio, é contrapoder. «Porque as palavras não são inócuas e um jornal tem de ser fiel ao seu critério editorial e aos seus leitores: informar, e informar com honestidade» é o que norteia este jornal.
Assumimos, sem equívocos, na nossa frontalidade na denúncia de irregularidades e erros que prejudicaram o coletivo; adotámos uma posição, sem ambiguidades, de identificação de erros e atos de má governação autárquica; arrogámos o papel de jornal (enquanto contrapoder), de liberdade de expressão e de pluralidade de opinião – fomos ao longo dos últimos anos a única voz de oposição à governança absurda e inapta que se fez na câmara da Guarda.
«Porque, n’O INTERIOR fazer oposição era ser contrapoder, defender as pessoas, lutar pela Guarda e derrubar um poder bolorento, viciado e prejudicial do interesse concelhio. Chegados aqui… e quando alguns esperavam que fossemos muleta de campanha, sem tergiversar na nossa linha, fomos equidistantes e plurais, praticámos jornalismo e informámos com rigor e distanciamento».
Para quem não percebeu, ou não quis perceber, a clarificação sobre a posição do jornal devo acrescentar que o percurso feito é matriz do percurso a fazer: sem tergiversar, nem alterar a nossa linha editorial, continuando, isso sim, a promover o rigor informativo e a liberdade de imprensa. Muito para além das pessoas, dos nomes ou dos amigos, um jornal, este jornal, tem e terá sempre de responder com honestidade junto dos seus leitores. Recorrendo a um dos mais belos poemas da nossa língua, a “Quadrilha”, de Carlos Drummond de Andrade, «João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém». Pois bem… Álvaro Amaro foi colaborador de O INTERIOR (coluna de opinião), Chaves Monteiro foi meu colega de Faculdade e é meu companheiro de prática desportiva (e amigo), Ana Isabel é minha amiga desde os tempos do Liceu, com o Sérgio Costa convivo há anos e Victor Amaral trabalhou comigo aqui, n’O INTERIOR, de que foi jornalista, Cecília Carmo é minha amiga… «João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história».
Perante o novo poder, e passado o hiato de tempo de adaptação e perceção da triste realidade herdada, e muito para lá de um estranho deslumbramento que inebria alguns, é chegado o momento de interrogar e querer saber o que está para lá do óbvio e que a máquina de propaganda montada nos vai dando a vislumbrar, «sem tibieza ou receios em ser contrapoder»; passou a ser o tempo de exigir, de procurar saber para onde vamos e como vamos. Seis meses depois das eleições autárquicas, e querendo contribuir para a mudança tantas vezes aqui preconizada, é tempo de exigir «miolos» para resolver os problemas da Guarda. Muito para além das “luzinhas de Natal” ou do “Dia de Portugal”, inclusive para lá da “capitalidade” regional aplaudida em uníssono ou da FIT prometida (Feira de Turismo, cuja data foi mal escolhida), os guardenses querem saber do futuro, que para muitos tem de ser já, ou já foi, das empresas, dos investimentos, do emprego… e mesmo sabendo o quão difícil será responder a essas questões, é tempo de as colocar e procurar as respostas, sem delongas ou demagogias.
Luis Baptista-Martins
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