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Procura-se nova vida para a Praça Velha

As prioridades são diferentes mas o pensamento é comum: é urgente revitalizar a Praça Luís de Camões. No seguimento da sugestão “A Praça na Praça”, publicada por Luis Baptista-Martins há duas semanas, O INTERIOR foi saber o que pensam da ideia os dirigentes associativos, o presidente da Câmara e os candidatos.

A Praça na Praça

Luis Baptista-Martins*

«(…)Deixo uma sugestão pouco relevante (e que alvitrei sem sucesso à APGUR e à ACG): impulsionar “a PRAÇA na PRAÇA” – isto é, levar de novo para a Praça Velha o mercado das frutas e dos legumes, do artesanato e das coisas da terra, das pessoas da aldeia a venderem às pessoas da cidade, como ocorreu até ao final do séc. XIX. Dinamizar o centro da cidade passa por levar pessoas à Rua do Comércio, à Rua Direita, às ruelas de S. Vicente e pode ser da forma mais simples, recuperar um mercado de rua, com elegância e simplicidade. Pode não ser uma proposta grandiloquente, nem “modernaça”, mas é, tenho a certeza, a melhor alavanca para dar vida ao Centro Histórico da Guarda (imaginem: à quarta-feira e ao sábado, entre as sete da manhã e o meio-dia, colocando bancas por toda a Praça, com harmonia e sabor a tradição, hortaliça do Mondego, facas do Verdugal, cestos de Gonçalo, castanhas de Videmonte, batatas de Valhelhas, etc, e pessoas, muitas pessoas a vender e a comprar…)». *Editorial de O INTERIOR 27/06/2013

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É preciso esperar alguns minutos até almejar um pouco de movimento naquela que é a “sala de visitas” da Guarda. A certa altura, e apesar do acesso restrito ao trânsito, são mais os carros do que as pessoas, já que poucos arriscam parar ou mesmo descansar nas esplanadas que estão agora de regresso.

A situação da Praça Velha (ou Luís de Camões) é – há muito – tema em conversas de café ou nas redes sociais, mas os resultados tardam em chegar. Uma das sugestões debatidas nos últimos dias é a possibilidade de organização de um mercado regular com produtos da região na Praça e ruas adjacentes, atividade que, de resto, ocupou e deu nome àquele espaço até finais do século XIX. Os responsáveis sociais e políticos aprovam a ideia sugerida por Luís Baptista-Martins mas deixam um aviso: há mais problemas no centro histórico.

António Saraiva, APGUR

«A ideia não foi posta de lado, pelo contrário», afirma o diretor da Agência para a Promoção da Guarda (APGUR), que recebeu a sugestão por escrito do diretor de O INTERIOR há alguns meses. «Se pudermos aplicar como projeto financiado, iremos candidatar-nos», garante, salvaguardando que «os concursos estão fechados a nível nacional». Para António Saraiva, um possível mercado tem de ter em atenção as variações climáticas, o que poderá ser combatido com «estruturas móveis».

Quanto à revitalização do centro histórico, o responsável diz que «há que ter noção do que as diferentes entidades podem fazer», acrescentando que algumas habitações envolventes são um problema, pelo que «é lamentável que não haja legislação que evite a especulação» imobiliária.

Miguel Alves, ACG

Também o presidente da Associação do Comércio e Serviços do Distrito da Guarda (ACG) assevera que «a atividade foi apontada», mas realça que «é preciso ver a recetividade dos comerciantes e os produtos que podem ser contemplados». Miguel Alves aprova um mercado na Praça Velha, desafiando as entidades a «tornar esta atividade maior e a aplica-la em mais concelhos do distrito».

O responsável lembra ainda «espaços devolutos» e refere que «a ACG vai perguntar à Câmara o que pensa fazer, nomeadamente nos espaços camarários, isto porque, tal como «um empreiteiro que vai construir uma casa, temos que assentar os alicerces para a reabilitação urbana», considera.

Baltasar Lopes

«O mercado é uma ótima sugestão, não tenho qualquer problema em falar com outras pessoas e candidaturas que tenham boas ideias», reitera Baltasar Lopes. O candidato independente à Câmara local avisa que «um dos objetivos da minha candidatura é a revitalização da Praça Velha», pelo que «se for eleito esta vai ser alterada; custe o que custar».

Segundo o candidato, o centro da cidade deverá «acolher eventos, porque a Guarda precisa deles. Vamos a qualquer parte do país e há atividades, e aqui não temos nada», defende. O atual presidente da Junta de Aldeia Viçosa vai mais longe e diz que «quem fez o projeto na Praça devia ser responsabilizado porque matou a cidade». «O D. Sancho está num mau sítio, parece que têm vergonha do fundador da cidade», ironiza.

Mário Martins

Mário Martins, que concorre pela CDU como independente à Câmara da Guarda, relaciona a organização de um mercado do tecido agrícola do concelho: «Temos de revitalizar a agricultura, caso contrário não temos agricultores para estarem na Praça Velha», reitera. O presidente da direção da Cooperativa Camponeses do Vale do Alto do Mondego reprova «o ataque fiscal aos agricultores», salientando que «se não facilitarmos a atividade ficamos com os grandes produtores, porque os outros não têm capacidade».

Quanto à Praça Velha, Mário Martins indica que esta «pode e deve ser revitalizada, mas não precisa de grandes obras, apenas de alguma manutenção». Para o candidato, «não podemos estar dependentes única e exclusivamente dos supermercados, há que criar outras condições».

Virgílio Bento

«A proposta é interessante, pois a Praça Velha já funcionou assim e deve ser um espaço que permita aos agricultores promover os produtos da região», entende Virgílio Bento. O candidato independente acredita que a iniciativa seria «uma forma de dar vida», até porque se trata de uma atividade «que se faz pela Europa fora».

Na opinião do vereador, «o novo executivo terá de adotar como projeto estratégico a revitalização do centro histórico, que deve ser prioritário». Isto porque, «o problema não é só da Praça Luís de Camões, deve ser pensado globalmente», pelo que «é preciso repovoar e criar pontos de interesse».

José Igreja

Também o candidato socialista é perentório: «o centro histórico sem habitação e animação morre». Para José Igreja, «trata-se de um lugar onde se deve desenvolver o comércio», pelo que “A Praça na Praça” é «muito interessante. A base seria construir um polo que, semanalmente ou quinzenalmente tivesse os melhores produtos da região».

O advogado destaca «os mercados das cidades médias, próximos das catedrais», salientando que a sua inclusão não seria uma «mudança total». O candidato quer uma conversa participada, com comerciantes e cidadãos, para «redefinir o sistema e perceber se a Praça Velha deve ser atravessada por automóveis e ter estacionamento». Já os prédios envolventes «terão de ser analisados, para que possam ser usados para habitação e comércio», considera.

Joaquim Valente

O presidente da Câmara da Guarda acredita que «o centro histórico tem tido uma intervenção concertada para criar dinâmicas proactivas na movimentação de pessoas e de comércio». Joaquim Valente destaca a construção de um parque de estacionamento nas traseiras da ACG, as visitas encenadas, a Feira das Antiguidades e as oficinas temáticas organizadas através do Turismo da Guarda. Segundo o autarca, «tem-se feito uma deslocalização de serviços para o centro histórico», onde «os novos investimentos têm pautado pela originalidade e inovação». O edil refere ainda que «os comerciantes da zona têm vontade de promover atividades entre si; e criaremos todas as condições para que as iniciativas propostas possam decorrer da melhor forma», atesta.

Álvaro Amaro, candidato do PSD à autarquia, não quis prestar declarações.

VoxPop

Fernando Godinho – Papelaria Fernando

«Acho muito bem, porque assim as pessoas vêm e concentram-se aqui. Tudo o que venha para aqui é para bem de todos».

Lídia Nunes

«É uma boa ideia, porque se calhar também há idosos que não se deslocam ao mercado municipal. E pode trazer mais gente ao centro».

Carla Serreira

«Acho ótimo. Trazia mais gente ao centro da cidade; se houvesse esse mercado eu vinha de certeza absoluta porque junta o útil ao agradável».

Luís Lopes

«Acho bem, antigamente era onde hoje está a Câmara Municipal. O centro da cidade está deserto, pelo que nunca é de mais trazer coisas novas».

Sara Quelhas A Praça Velha in “A Guarda Formosa…”

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