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Proclamação Oficial

Voltou o discurso, e o sentimento, do “apodrecimento do regime”, suspenso temporariamente após a catástrofe de Santana Lopes. Desta vez, pesem embora os seus inúmeros esforços nesse sentido, o responsável nem é o governo. Os portugueses estão outra vez com o sentimento de que “isto bateu no fundo” e agora com a agravante de que se está a perder a esperança numa alternativa ao actual estado de coisas. O regime parece circular em redor das mesmas personagens e há cada vez menos portugueses a dar-lhes confiança. As últimas sondagens reflectem o sentimento geral: o governo é impopular, mas ninguém acredita que a oposição fizesse melhor.

Manifesta-se de novo com força o egoísmo das várias classes profissionais, típico do salve-se quem puder de um regime em apodrecimento, mostrado na intransigente defesa dos seus interesses contra as evidências do interesse geral. Apresento como prova disto a contraproposta (?) da FENPROF ao sistema de avaliação dos professores, retirada do seu site (http://www.fenprof.pt/?aba=27&cat=266&doc=2813&mid=115): “Para a FENPROF, a avaliação do desempenho dos docentes deverá ter um carácter essencialmente formativo [isto é, sem consequências de maior], centrar-se na escola e na actividade que o docente desenvolve com os alunos [isto é, ignorando outros factores, como a formação entretanto adquirida] e assentar nas vertentes de autoavaliação [é decisiva a opinião do professor sobre o seu próprio desempenho…] e de avaliação cooperativa […assim como a dos seus colegas e amigos]”. Pergunto eu: não seria exigível da FENPROF algo mais credível e estruturado, dando de barato que a solução imposta pelo governo é má?

Ouvem-se, cada vez mais alto, sugestões de possível corrupção ao mais alto nível. A compra dos submarinos, o financiamento ilícito de uma campanha eleitoral do PSD, a triste e incrível história do casino de Lisboa deveriam ter já sido alvo de completos esclarecimentos – ou ter levado várias pessoas à justiça. Continuamos sem perceber muito bem o que se passou, mas com direito a suspeitar do pior.

E lá em cima, a gozar a mais ociosa reforma dourada do regime, temos um senhor que foi eleito presidente da república (minúsculas) e vai distribuindo os mais ocos lugares-comuns nas suas raras aparições. O pior de tudo, é que parece ser o menos mau de todos. É oficial, estamos lixados.

Por: António Ferreira

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