É numa propriedade com nove hectares, junto a Maçal do Chão (Celorico da Beira), que fica a primeira “Fazenda da Esperança” em Portugal. Trata-se de uma casa de acolhimento em ambiente rural para jovens problemáticos, pertencente a uma comunidade católica nascida no Brasil na década de oitenta, e que conta com mais de oito dezenas de unidades espalhadas pelo mundo.
A inauguração está marcada para domingo à tarde, com uma missa presidida pelo Bispo da Guarda, D. Manuel Felício, e a partir daí a “Fazenda da Esperança” estará aberta para receber «16 jovens que tenham vícios de droga, álcool ou jogos, depressões, problemas familiares, enfim, que se encontrem sem esperança», adianta Luiz Fernando Brás, responsável da missão. «Aqui, através dos nossos três pilares – o trabalho, a convivência em família e a espiritualidade –, procuraremos dar uma nova luz à vida dessas pessoas e devolver-lhes a esperança perdida», acrescenta. O responsável enaltece a importância do trabalho nesta recuperação, pois «devolve a dignidade, mostra à própria pessoa o que ela é capaz de produzir, dá estrutura e funciona como estímulo, além de garantir o sustento da casa».
Na Fazenda de Maçal do Chão, os residentes terão que tratar de hortas e animais, produzir artesanato e cuidar da casa, «lavando, limpando e arrumando». Também a convivência é «essencial» para «fomentar a união e o espírito de grupo, uma vez que a junção de vários tipos de pessoas, com problemas distintos, leva cada um a aceitar o outro e a respeitá-lo como é», refere. «É também por isso que acolhemos apenas 16 jovens numa casa pequena», justifica. No piso cimeiro da casa, a capela deixa transparecer os objetivos da Fazenda. Ali está a representação de uma oliveira nascida nas rochas, que mostra «algo que aconteceu mesmo aqui na quinta, e que nos diz que mesmo onde parece não haver vida nem esperança, algo consegue florescer».
Já na parede, uma cruz deitada simboliza «todos aqueles que aqui chegam e que estão “em baixo” na vida, mas que através da espiritualidade conseguem ver mais além, daí a própria cruz ser em vidro», explica Luís Fernando Brás. O surgimento deste projeto em Portugal começou a ser delineado em 2007, após uma visita de Bento XVI à casa-mãe no Brasil, na qual participou a irmã dominicana Maria Alice, que tem ligações a Portugal. «Ela deu conhecimento desta missão a uma senhora de Lisboa, que, por sua vez, possuía uma propriedade em Maçal do Chão. Sensibilizada com a nossa causa, essa senhora doou este terreno à nossa comunidade», recorda. Daí para cá, foram «três anos de preparação» que terminam agora. A “Fazenda da Esperança” ainda não tem a lotação esgotada, pelo que Luiz Fernando Brás salienta a disponibilidade em receber «jovens necessitados de todo o país, que nos façam chegar através de carta a sua vontade em integrar esta missão».
Fábio Gomes