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Previsões de Ano Novo

O PS vai querer aprovar um orçamento keynesiano, esperando revitalizar a economia à custa de mais investimento público. O PSD vai querer um orçamento neoliberal, com diminuição de impostos para as pequenas e médias empresas. Por outras palavras, um vai querer aumentar a despesa e o outro diminuir a receita. Isto não são boas notícias para o défice orçamental, que tanto preocupa Cavaco Silva (agora, que quando era primeiro ministro tinha outras ideias). O fiel da balança vai estar à esquerda do PS: vão o PC e o Bloco tender para o keynesianismo ou para o neoliberalismo? Vão querer mais despesa ou menos receita?

Vão querer todos, do Bloco ao PSD, uma solução para as uniões de facto entre homossexuais. Uns vão chamar-lhe casamento, outros união civil registada. Ninguém se vai entender sobre a possibilidade desses novos casais registados poderem adoptar. O PS acha demasiado cedo, o PSD nem quer pensar no assunto. Parece por isso que estamos entendidos, mas não é bem assim: nada impede um (uma) homossexual de adoptar uma criança, assim como nada a vai impedir depois de se casar, ou de registar a sua união de facto, ou de viver em pura e dura união de facto com outro homossexual. Isto acontece já, no actual quadro legislativo e, que se saiba, sem problemas de maior, mas a tradicional hipocrisia portuguesa continua a gostar de dar com uma mão e segurar com a outra. Igualmente hipócrita é a proposta de referendo: quem tanto se preocupava com os reais problemas do país prepara-se para monopolizar a discussão pública durante vários meses.

Um dia, todos os filmes vão ser feitos como o Avatar. (Havia um conto com este título, e não me perguntem pelo autor, na série com páginas azuis da Edições 70). Visualmente, é estonteante, tão estonteante, que mal dá para reparar na soma de lugares comuns, plágios, referências cinéfilas e citações que está na base da história: de “O Último Samurai” a “Shrek”, passando pela hipótese de Gaia ou pelo tema do traidor que passa a herói e estou apenas a arranhar a superfície. Seja como for vai ser difícil, daqui a pouco tempo, achar graça a um filme feito como antigamente. Há ainda quem goste de ouvir música em mono, por boa que seja?

Por: António Ferreira

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