Fizeram campanha juntos há quatro anos, mas quis o destino que António Edmundo (PSD) e Paulo Longrouva (PS) sejam agora adversários nas autárquicas em Figueira de Castelo Rodrigo. É que o segundo desempenhou cerca de dois anos e meio funções de secretário do primeiro, que se recandidata ao terceiro mandato. Já o cabeça-de-lista da CDU é o aposentado e ex-emigrante Manuel Teixeira.
O atual autarca recandidata-se porque «há um trabalho em curso que não pode parar» e uma «rede que é necessário fechar e reforçar para bem do futuro do concelho». António Edmundo tem expetativas «muito boas» para as eleições e acredita que os figueirenses vão «reconhecer o trabalho feito e o desenvolvimento que o município teve nos últimos anos». O social-democrata salienta «o forte apoio à economia local», constatando que Figueira tem «hoje mais massa crítica» em diversas áreas. No próximo mandato vai continuar a «apoiar a sustentabilidade da economia local», pois o concelho tem «hoje produtos regionais de qualidade e de excelência para vender». António Edmundo quer também «tentar tirar mais partido da mobilidade do Douro» de modo a que os turistas fiquem mais tempo no concelho é outro dos objetivos, bem como concluir os três lares «que vão entrar em funcionamento este ano e gerar 50 postos de trabalho». De resto, a área da economia social tem «grande importância» no município, em cuja zona industrial está a ser construído um parque de iniciativa empresarial «destinado a pequenas indústrias».
Já Paulo Longrouva, que o PS escolheu para tentar reconquistar uma autarquia que perdeu em 1997, candidata-se por considerar que «o rumo e a orientação traçados pelo atual executivo conduziram para o abismo um concelho que está empobrecido, tem uma elevada taxa de desemprego, fraca iniciativa empresarial e défice de criação de postos de trabalho». Para dia 29, o economista tem expetativas «muito otimistas», até porque «é por demais evidente que os figueirenses ambicionam a mudança». A quem o acusa de incongruência por ter sido neste mandato secretário do agora adversário, o candidato responde que, «ao contrário do que se apregoa», sempre cumpriu, «com rigor e abnegação», essas funções. Paulo Longrouva acrescenta que o seu «descomprometimento face a qualquer envolvimento partidário» lhe confere «isenção na defesa do interesse coletivo», pois «o único interesse» que o move é «exclusivamente o desenvolvimento e progresso do concelho». O emprego será uma «bandeira» do seu executivo».
A CDU optou pelo aposentado Manuel Teixeira, que avança por entender que é «um dever moral». O candidato garante que, «apesar da idade», sente-se com «capacidade intelectual para representar a população». Ex-emigrante em África e no Canadá durante 58 anos, o cabeça-de-lista assume-se como «um lutador anti-fascista» e quer «lutar pela melhoria das condições de vida das pessoas mais carenciadas e desprotegidas». Na sua opinião, o concelho deve apostar nas «potencialidades que tem para o desenvolvimento do sector agro-pecuário e da agricultura e que não têm sido devidamente exploradas». Na área da saúde, Manuel Teixeira lamenta que tenha sido dada «prioridade» à construção de «pavilhões e piscinas, mas foi descurado o projeto do novo edifício do centro de saúde, que nunca foi avante». O candidato defende também medidas para travar o despovoamento do concelho. Já um «bom resultado» será a CDU eleger um vereador, embora reconheça que não terá «grandes hipóteses», até porque «também não fazemos muita campanha por causa da crise».
Perfil dos candidatos
António Edmundo (PSD), 49 anos, jurista da Autoridade Tributária
«Acreditamos na maioria absoluta. Nos dois últimos mandatos aumentámos sempre a votação e queremos confirmar esta tendência».
Paulo Longrouva (PS), 43 anos, economista
«Não tenho qualquer pretensão em catapultar-me para uma carreira política nacional».
Manuel Teixeira (CDU), 75 anos, aposentado da função pública
«A vila cada vez perde mais gente e um dos objetivos da CDU é tentar fixar as pessoas na sua terra».
Ricardo Cordeiro