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Presidente desfalece durante cerimónia militar

Cavaco Silva teve que receber assistência médica nas traseiras da tribuna onde discursava

O Presidente da República sentiu-se mal quando discursava na cerimónia militar das comemorações do Dia de Portugal, no Parque Urbano do Rio Diz, e teve que receber assistência médica. Na altura, um grupo de manifestantes pedia ruidosamente a demissão do Governo.

A cena foi vista em direto pelas televisões. Cavaco Silva tinha iniciado a sua intervenção há alguns minutos e estava visivelmente incomodado com os manifestantes que assobiavam, apitavam e gritavam “Governo para a rua” enquanto empunhavam pequenos cartazes com mensagens como “Governo Rua” e “Presidente incompetente. Deixe o seu palácio para melhor gente” – protestos que se mantiveram após a saída do púlpito do Presidente. Subitamente, o chefe de Estado parou de ler o discurso e perdeu as forças, sendo rapidamente amparado pelo general Pina Monteiro até ser levado para as traseiras da tribuna, onde recebeu assistência médica. Entretanto, o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA) anunciou ao público que o Presidente da República teve uma «indisposição» e que regressaria em breve à cerimónia, pedindo aos manifestantes «respeito por Portugal e pelas Forças Armadas».

Em declarações à agência Lusa, o médico que assistiu o Presidente afirmou que Cavaco Silva «sentiu uma reação vagal, da qual recuperou rapidamente, nunca tendo perdido a consciência e sempre manifestou intenção de concluir o seu discurso». O que aconteceu cerca de 20 minutos depois, com o Presidente a regressar à tribuna e a retomar a sua intervenção como se nada tivesse acontecido e sem adiantar qualquer explicação para a indisposição que sofreu. «Os exércitos não se improvisam. Preparam-se», afirmou então, avisando que «sob pena de nos tornarmos um parceiro dispensável e irrelevante na cena internacional, onde se joga o nosso futuro e o nosso desenvolvimento, a nossa participação requer a existência de meios e recursos que evitem a degradação das capacidades existentes e que permitem assegurar os necessáriosníveis de operacionalidade».

Depois do discurso, os três ramos das Forças Armadas, os pupilos do Exército e as alunas do Colégio de Odivelas desfilaram no Parque Urbano do Rio Diz perante milhares de pessoas. Mais tarde, Cavaco Silva agradeceu a todos os que manifestaram a sua preocupação e solidariedade depois da «indisposição» dessa manhã. «Como é do conhecimento público, no decurso das cerimónias militares senti uma indisposição, que me obrigou a interromper a intervenção que proferia, a qual retomei após observação médica, que confirmou o meu restabelecimento, conforme informação clínica de imediato tornada pública», referiu uma nota assinada pelo chefe de Estado e divulgada no site da Presidência da República. Dirigindo um «sentido agradecimento a todos os que manifestaram a sua preocupação e solidariedade», Cavaco Silva aproveitou ainda para sublinhar «a forte adesão dos portugueses que, na Guarda, em todo o país e na diáspora, celebraram a data nacional».

Esta não foi a primeira vez que Cavaco Silva desmaiou em cerimónias de Estado. Em 1995, quando o atual Presidente da República se despedia do cargo de primeiro-ministro e passava a “pasta” ao socialista António Guterres, Cavaco desfaleceu na cerimónia na Sala dos Embaixadores do Palácio da Ajuda e foi também amparado pelas pessoas que o rodeavam.

Luis Martins Cavaco Silva «nunca predeu a consciência» afirmou o médico que assistiu o Presidente

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