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Presidente defende gestão única no IPG

Escola Superior de Tecnologia e Gestão já abdicou da autonomia administrativa e financeira

Jorge Mendes aproveitou a tomada de posse, na passada quinta-feira, para apresentar o seu modelo para o futuro do Instituto Politécnico da Guarda (IPG). E revelou que, no próximo ano, os Serviços Centrais vão gerir directamente o orçamento da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG), a maior em termos de alunos. «É um exemplo para as restantes unidades orgânicas», acrescentou.

«Por sua iniciativa e pela primeira vez há muitos anos, a direcção da ESTG decidiu que a escola já não vai ter autonomia administrativa e financeira em 2008», disse aos jornalistas, considerando que esta experiência será «fundamental para a articulação com as outras três escolas do Politécnico». Antes, na sua intervenção, Jorge Mendes deixou bem claro que o futuro do Instituto vai ter que passar por uma gestão administrativa e financeira «integrada e única». Para o presidente, o fim das autonomias das escolas é «essencial» para gerir melhor os recursos humanos e financeiros disponíveis. «Esta ideia do IPG não vai agradar a todos, mas temos a obrigação de nos entender quanto ao corpo docente, aos equipamentos e às verbas transferidas pelo Estado para evitar os desperdícios», sublinhou. Os mais recalcitrantes também foram avisados de que a nova lei do Ensino Superior faz depender a autonomia financeira de uma autorização expressa do ministro. «A tutela está a ponderar conceder esse estatuto a escolas com mais de cinco mil alunos, nesse caso todas as escolas do IPG ficarão excluídas», exemplificou.

Jorge Mendes desafiou ainda todos os agentes do Politécnico a empenharem-se na revisão dos estatutos, que deve fazer-se num prazo de oito meses. «Os actuais estão desactualizadas e não são funcionais nalguns aspectos», recordou, considerando que a sua proposta de gestão integrada e única será o «melhor modelo» para o Instituto. «Mas caberá à Assembleia Estatutária decidir, porque os novos estatutos não podem ser só do presidente ou de um director. Serão, isso sim, a nossa forma de organização e funcionamento para os próximos anos», ressalvou. Neste mandato, o presidente também espera construir as novas instalações da Escola Superior de Saúde no campus. «A questão da cantina já foi resolvida através da nossa e houve, da parte do Hospital, um desbloqueamento em termos das horas para almoçar», adiantou, sublinhando que nas actuais instalações da escola «faltam laboratórios, há salas sem condições e o aquecimento é inexistente nalguns casos».

«Esta obra é fundamental para aquela escola. Já temos o projecto praticamente concluído e custará cerca de dois milhões de euros em valores actuais», acrescentou. A construção de uma residência de estudantes em Seia é outra empreitada desejada por Jorge Mendes, que quer lançar os cursos de Prevenção e Protecção Civil e de Saúde e Reabilitação no próximo ano lectivo. Por outro lado, assumiu o desafio de ter cerca de 40 por cento do corpo docente com doutoramento até 2010. O professor considerou igualmente que já é tempo de criar uma «verdadeira rede» com o Politécnico de Castelo Branco e a Universidade da Beira Interior, apresentando «nomeadamente cursos em conjunto», sugeriu. Já Luciano Almeida, presidente do Politécnico de Leira e do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), apelou ao «sarar das feridas» no IPG e desafiou os seus responsáveis a aproveitarem a nova lei para criarem um modelo de gestão funcional. «O pior agora é tentar manter o modelo anterior, que facilita o desperdício de meios e recursos financeiros», referiu, acrescentando que, em Leiria, uma gestão integrada permitiu poupar dois milhões de euros no ano passado.

Eleições em 2009

O IPG deverá ir novamente a eleições em 2009, após todos os órgãos directivos terem sido eleitos ao abrigo dos novos estatutos. Por enquanto, o actual presidente, que, na prática, já vai em três mandatos, não assume uma recandidatura, nem quer falar sobre isso. O que adianta é que o próximo Conselho Geral do Politécnico será presidido por uma personalidade da sociedade civil, eleito pelos restantes membros. Este órgão máximo da instituição deverá estar constituído em Setembro de 2008, sendo que os professores terão uma representatividade de 50 por cento mais um, enquanto a comunidade terá 30 por cento (no mínimo) e o restante será repartido entre alunos e, «eventualmente», o pessoal não docente.

Luis Martins

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