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Presidente da ARS põe fim à polémica da maternidade

Pediatra espanhola chega dia 28, outros dois especialistas do Hospital de Viseu apoiam serviço a partir de Abril

O presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro coloca a maternidade da Guarda ao nível das melhores do país e exaltou na última segunda-feira a «grande qualidade» do serviço prestado e dos seus clínicos. O objectivo é reganhar a confiança dos pais no distrito e até falou numa campanha a levar a cabo nos centros de saúde para que estes tenham no Sousa Martins o seu hospital de referência em termos de obstetrícia e pediatria. «A maternidade não vai fechar de maneira nenhuma, é um bom serviço, tem recursos humanos em número suficiente e com qualificação muito boa para se manter em funcionamento. É um serviço com todos os cuidados necessários e exigíveis a uma boa maternidade a nível nacional», frisou Fernando Andrade, dando por terminado o caso do polémico encerramento e reabertura 24 horas depois desta valência na semana passada.

Entretanto, o responsável, que passou o dia no Sousa Martins em reuniões, anunciou a vinda de mais uma pediatra, de origem espanhola, a partir de dia 28, enquanto outros dois especialistas do hospital de Viseu virão dar apoio à maternidade, em escala rotativa com os pediatras da Guarda, a partir de Abril. Nestas condições está também assegurado o regresso de uma médica que trabalhou no Sousa Martins até ao final do ano passado, de onde saiu «desmotivada porque o trabalho era muito», confessou Fernando Andrade, para dar assistência aos partos. Por outro lado, o presidente da ARS do Centro garantiu que a Guarda vai beneficiar da abertura de três vagas no âmbito dos concursos de carenciados. Três soluções imediatas que levam o dirigente a garantir que a situação da maternidade está «resolvida» e a negar que os últimos acontecimentos tenham sido suficientes para demitir o actual Conselho de Administração (CA), cujos elementos saíram divididos desta confusão: «Houve um episódio menos feliz e alguma dissonância de informação por um muito curto período de tempo, mas essas questões estão ultrapassadas», sublinha, adiantando que o encerramento da maternidade foi «corrigido de imediato» e que por isso «não haverá punições». É que, para Fernando Andrade, a decisão de fechar não foi um erro: «Na altura, a urgência e a pressão eram enormes e por isso mesmo houve que agir rapidamente para que os utentes tivessem uma assistência de qualidade», evoca.

Cumprir as normas da Ordem

Também as exigências dos obstetras, que reclamaram na semana passada a presença física permanente de um neonatologista naquela valência da Obstetrícia 24 horas por dia, baseando-se nos requisitos da Ordem dos Médicos, terão sido «facilmente» ultrapassadas. «Os pediatras garantem a cobertura aos partos e os obstetras aceitam que eles só sejam chamados na iminência do parto e não noutra altura. Assim, em vez de só estar 24 horas na obstetrícia, o clínico está a trabalhar no hospital e irá à maternidade quando for solicitado», justifica Fernando Andrade, recordando ter havido um parto no domingo acompanhado por um pediatra que, nas restantes horas, esteve de serviço à urgência e ao internamento da pediatria. «Nesse período de 24 horas não faz sentido estar todo o tempo na obstetrícia à espera que aconteça um parto», adianta o presidente da ARS do Centro, explicando que a direcção do Sousa Martins e os respectivos serviços aceitam que esta «é a melhor solução».

Quanto às normas técnicas definidas pela direcção do Colégio de Especialidade de Ginecologia/Obstetrícia da Ordem relativamente ao funcionamento dos blocos de parto – segundo as quais estas valências não poderão funcionar com menos de três obstetras/ginecologistas, sendo pelo menos dois especialistas; e sem a disponibilidade permanente de um anestesista e de um pediatra, para além da presença de duas enfermeiras, uma das quais com especialidade de Enfermagem Obstétrica – Fernando Andrade é taxativo: «Será crível, desejável e uma boa estratégia ter um pediatra 24 horas num serviço para assistir a um bebé, sem fazer nada nas restantes 23. Isso é desmotivador para o profissional e para toda a equipa, mas também inadequado em termos profissionais porque os clínicos não se sentem realizados», refere, entendendo esta posição da Ordem no «sentido teórico», uma vez que não exige a presença física 24 horas mas só na altura do parto. «Portanto, estamos a cumprir as normas da Ordem», garante.

Luis Martins

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