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Prémio Eduardo Lourenço para humanista

José Maria Patino recebeu galardão da vice-reitora da Universidade de Salamanca

O vencedor do Prémio Eduardo Lourenço considera que é preciso «regressar à terra das nossas origens», defendendo que o «futuro do mundo rural depende exclusivamente do seu desenvolvimento social e não tanto económico». O escritor e teólogo espanhol José María Martín Patino recebeu anteontem, na Guarda, o galardão atribuído pelo Centro de Estudos Ibéricos (CEI).

O elogio foi feito pelo alcalde de Juzbado, localidade da província de Salamanca que apresentou a candidatura de Patino, de 87 anos, juntamente com a aldeia vizinha de Moleras. «É um homem de elevada dimensão humana», declarou Fernando Rubio, um sentimento partilhado por Maria Angeles Serrano, vice-reitora da Universidade de Salamanca, para quem o galardoado é «uma personalidade de grande importância política e intelectual em Espanha». Também Helena Freitas, vice-reitora da Universidade de Coimbra, considerou ser «uma personalidade que marcou o século XX» no seu país. «Agora, mais do que nunca, precisamos de homens de diálogo, consensos e inteiramente disponíveis para a causa pública como José María Patino», acrescentou.

Por sua vez, o premiado apelou a uma «convivência mais profunda» entre Portugal e Espanha, até porque a Europa ocidental «é tudo menos uma comunidade evangélica». O pensador fez ainda o elogio do mundo rural, dizendo que é preciso «travar o seu despovoamento» com medidas concretas de regresso à terra e de dinamização de vilas e aldeias. «É preciso travar o despovoamento e não desanimar pela pequena dimensão do espaço», afirmou. Para o presidente do município, Joaquim Valente, a «dimensão humanista» de Patino deve servir «de referência para estes tempos», tendo recordado o seu papel na transição democrática em Espanha e a sua luta pelos «direitos e liberdades, mas também pela coesão social e territorial por meio da formação e da educação».

José María Martín Patino nasceu em Lumbrales (Salamanca) em 1925. É licenciado em Filosofia e doutorado em Teologia, e desenvolveu uma intensa atividade de cariz social e litúrgico em Espanha. Foi fundador e preside à Fundación Encuentro, cujo objetivo é a análise dos principais problemas da sociedade espanhola. Além do protagonismo histórico e do papel que desempenhou nos anos da transição para o regime democrático em Espanha, tem-se notabilizado com a Fundación Encuentro, que criou, no desenvolvimento sócio-económico e coesão territorial na zona transfronteiriça entre os dois países, nomeadamente através do projeto “Raya Duero”, de formação e educação nos meios rurais de baixa densidade.

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