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Prémio Eduardo Lourenço atribuído a Maria João Pires

Júri destacou o percurso artístico da pianista, mas também a sua «dimensão humanista» e preocupações educativas

Maria João Pires venceu a terceira edição do Prémio Eduardo Lourenço, instituído pelo Centro de Estudos Ibéricos (CEI). O galardão, com o valor de 10 mil euros, foi atribuído por unanimidade na sexta-feira e será entregue a 6 de Julho, na Guarda.

António Avelãs Nunes, vice-reitor da Universidade de Coimbra e membro do júri, justificou assim a escolha: «É uma grande personalidade da cultura mundial, que tem tido particular preocupação no âmbito do desenvolvimento da cultura ibérica com muitos concertos em todo o espaço peninsular. Por outro lado, tem revelado uma grande preocupação por questões humanistas, sociais e de divulgação cultural». Aos jornalistas destacou ainda o projecto de Belgais, considerando que se insere «nos objectivos e preocupações do CEI, de ajudar ao desenvolvimento das populações desta zona raiana». Para Avelãs Nunes, essa obra deve-se à «iniciativa, militância e abnegação» de Maria João Pires, acrescentando que a iniciativa «só tem sobrevivido graças à sua qualidade e ao seu nível excepcional como grande intérprete de piano». O Prémio Eduardo Lourenço destina-se a distinguir personalidades ou instituições de línguas portuguesa ou espanhola que tenham demonstrado intervenção relevante e inovadora na cooperação transfronteiriça e na promoção da identidade e da cultura das comunidades ibéricas.

Integraram o júri os membros da direcção do CEI (Avelãs Nunes, Francisco José García Peñalvo, vice-reitor da Universidade de Salamanca; e Joaquim Valente, presidente da Câmara da Guarda) e dos seus órgãos executivos e científicos (Fernando Catroga e Jaime Couto Ferreira, da Universidade de Coimbra; Valentín Cabero Diéguez e Fernando Rodríguez de la Flor, da Universidade de Salamanca). Este ano as personalidades convidadas foram D. José Luis Puerto (poeta e tradutor de Miguel Torga), Teresa Patrício Gouveia (Fundação Calouste Gulbenkian) e José Manuel Mendes (presidente da Associação Portuguesa de Escritores). Numa nota enviada às redacções, o júri adianta ter valorizado «a dimensão criativa e o percurso artístico da pianista, o trabalho na divulgação da música, a dimensão humanista, o empenho em causas sociais, as preocupações educativas e o interesse que tem demonstrado na cooperação e intercâmbio cultural entre Portugal e Espanha, através do desenvolvimento de projectos comuns, com particular realce para os que têm tido lugar na região raiana».

Maria João Pires sucede ao jornalista espanhol Agustín Remesal e à professora universitária Maria Helena da Rocha Pereira, galardoados em 2006 e 2005, respectivamente. A par do anúncio, o dia também ficou marcado pela entrega de um apoio de 12 mil euros a vários investigadores luso-espanhóis para trabalhos no âmbito do projecto “Culturas Ibéricas, Sociedades de Fronteira: Territórios, Sociedade e Culturas em Tempos de Mudança”. O CEI apresentou igualmente o décimo volume da colecção “Iberografias”, intitulado “Territórios e Culturas Ibéricas II”. Editado em parceria com a Campo das Letras, o livro foi coordenado por Angel Infestas, Lúcio Cunha, Maria Helena Cruz Coelho e Rui Jacinto, resultando da compilação das comunicações apresentadas nos seminários realizados em 2006 pelo Centro.

Luis Martins

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