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«Precisamos que adoptem animais»

Canil Municipal da Covilhã alberga animais errantes desde 2002

O Canil da Covilhã, em funcionamento desde Março de 2002, já recolheu centenas de animais nos últimos três anos. Sediada no Parque Industrial do Canhoso, a infraestrutura destina-se, segundo o veterinário responsável, Hélder Bonifácio, «a salvaguardar a saúde pública», contrariando a ideia que muitas pessoas têm de que o canil serve principalmente para dar um tecto aos animais errantes.

A recolha dos bichos abandonados é feita na cidade, mas também nas aldeias do concelho, e por norma são as Juntas que alertam o canil para a existência de cães vadios. Posteriormente, a equipa daquele organismo desloca-se aos locais indicados e procede à recolha, fazendo-se sempre acompanhar pelas autoridades policiais, para evitar situações complicadas. «Há pessoas que nos acusam de entrarmos em propriedades privadas para conseguir os animais», conta o responsável. Este é, de resto, um dos muitos mitos que as equipas dos canis têm de enfrentar. O veterinário conta que, se por um lado a população se sente «incomodada» pelo facto de existirem animais nas ruas, há também quem condene o seu transporte para o Canil. Depois de recolhidos, todos os animais são analisados pelo veterinário, a quem compete verificar o estado de saúde de cada um, sendo depois elaborado um relatório síntese individual. Posteriormente, e caso o animal apresente um estado de saúde preocupante, como politraumatismos, é de imediato abatido. Em situações de maleitas menos graves, a lei obriga a que permaneça no canil oito dias, ao cabo dos quais, e desde que não seja reclamado pelo dono, é abatido através do recurso a uma injecção letal.

Já os animais saudáveis são colocados em jaulas, onde ficam a aguardar adopção, um gesto que, segundo o Hélder Bonifácio, «não acontece com muita frequência». A prova da falta de sensibilidade da população para a causa é o facto de existirem actualmente no canil perto de 50 animais, desde cachorros a cães adultos, que esperam por um lar. Por isso, o veterinário alerta para a necessidade da sua adopção, um processo que, no entanto, deverá ser «consciente, porque ter um animal exige responsabilidade», refere. «Tornou-se moda adquirir cães como quem compra um maço de tabaco e rapidamente se percebe que, afinal, ter um animal em casa não é uma coisa inerte, pois requer trabalho e dá preocupações», lamenta. Talvez por isso, alguns donos venham entregar os animais ao próprio canil ou abandonam-nos. Mesmo assim, o responsável assegura que situações dessas não acontecem muito na Covilhã. «Recolhemos uma média de 10 cães por mês», adianta. Por outro lado, o veterinário alerta também para uma outra situação: «Ao fim do dia os donos abrem as portas de casa e deixam o animal andar pelas ruas, o que não é permitido pela lei». É que os animais só devem sair «com uma trela e sempre acompanhados».

É preciso adoptar!

O processo é muito simples. Para levar para casa um novo companheiro canino, apenas é necessário visitar o canil, que está aberto todos os dias úteis até às quatro da tarde, escolher o bichinho e proceder a uma inscrição. A partir daí, o futuro dono terá de proceder conforme os trâmites legais e dirigir-se à respectiva Junta de Freguesia afim de tirar a licença. Só depois de apresentada essa documentação no canil poderá levar para casa o animal escolhido, já devidamente vacinado. Hélder Bonifácio faz um apelo: «Precisamos muito que adoptem animais, muitas vezes os cães ficam aqui demasiado tempo», refere.

Rosa Ramos

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