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Precisamos de coragem política e investimento público no interior

Para que 2018 não seja um ano só de esperança, não podemos esquecer 2017, tendo a coragem de assumir que este ficou marcado pela tragédia dos incêndios, mas também pela recuperação económica.

No que diz respeito aos incêndios, é essencial perceber onde é que o Estado falhou. Com isto afirmar sem hipocrisia que o Estado falhou. É preciso retirar lições, não apenas pondo em prática aquelas que foram as leis aprovadas para o ordenamento do território e da floresta, mas também investir a sério no interior, investir a sério na proteção civil, investir a sério na agricultura.

Os erros pagaram-se caro, pois foram muitas as pessoas que perderam a vida, as suas propriedades e os seus rendimentos. Infelizmente os incêndios lembraram, da forma mais dolorosa e cruel, o que foi o constante desmantelamento dos serviços públicos e a urgente necessidade de os reaver.

Quanto à recuperação económica é preciso agora, em 2018, a sua preservação, sendo obrigatório continuar este caminho económico e social que está a ser feito, mas que falta ainda chegar a muita população.

Reconhecer que ainda vivemos num país de salários baixos, de pensões baixas, em que é preciso investir nos serviços públicos. Continuamos a ter muita precariedade, muita pobreza, muita desigualdade e muita discrepância territorial.

Por tudo isso, é preciso fortalecer o caminho que está a ser feito e aplicar de verdade medidas de combate ao Interiocídio, ou seja, colocar o crescimento económico ao serviço das populações que resistem ao despovoamento e abandono das suas regiões.

Que 2018 traga para a Guarda o início das obras de modernização do troço de ligação entre a Linha da Beira Alta e a Linha da Beira Baixa; que o processo do Hotel Turismo fique resolvido; que a reabertura da Pousada da Juventude seja concretizada; que se comece verdadeiramente a despoluição do rio Noéme; que não haja nenhum aumento na água, pois já é cara o suficiente; o fim das portagens na A23 e A25; que venham incentivos diretos para os agricultores e para as pequenas e média empresas; que haja uma política cultural, social e desportiva que vá ao encontro das necessidades das populações; que haja uma verdadeira descentralização de serviços do Estado; que o Politécnico seja reconhecido como uma instituição imprescindível para o desenvolvimento e crescimento económico da região.

Em suma, que as gentes da Guarda tenham o que lhes é de direito!

Marco Loureiro*

* Coordenador distrital do Bloco de Esquerda da Guarda

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