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Pousadas do interior do país retiradas da rede nacional

Presidente do Grupo Pestana Pousadas instalou a confusão na Beira Interior, mas Jorge Patrão diz que se tratou apenas de «mera pressão política»

As pousadas de Almeida, Caramulo, Castelo de Bode, Serpa e Monsanto constituem o grupo das primeiras cinco unidades excluídas da rede nacional da Enatur nos próximos meses. Pelo menos, são essas que constam do plano de redução que está definido desde a anterior administração e que o Grupo Pestana Pousada está agora a operacionalizar. É essa a informação dada desde 1 de Setembro pelo novo gestor das 42 Pousadas de Portugal num comunicado de imprensa apresentado no passado dia 4 acerca da sua estratégia e ao qual “O Interior” teve acesso.

O Grupo Pestana assume então que o plano de expansão e redução de pousadas «já está linearmente definido», estando «em estudo» algumas situações como a da Covilhã, enquanto as unidades que acumulam perdas operacionais sistemáticas há cerca de 10 anos «estão em causa». É o caso de Castelo de Bode, cuja decisão de encerramento «é irreversível» [encerra amanhã por falta de compradores], bem como «é forte a eventual saída da unidade do Caramulo da rede de pousadas [entretanto vendida à Sociedade Lusa de Negócios] e a de Almeida». A de Monsanto «está em fase final de contrato, devendo ser devolvida ao seu proprietário», a Câmara Municipal de Idanha-a-Nova. Trata-se de pousadas que são responsáveis por metade dos prejuízos da rede, calculados no ano passado em 1,2 milhões de euros, salientou José Roquette, presidente do Grupo Pestana Pousadas. Em causa está a redução a metade do investimento na expansão das Pousadas de Portugal traçado pela anterior administração da Enatur, uma vez que o projecto sofreu um revés devido ao facto da região de Lisboa e Vale do Tejo ter perdido o acesso aos fundos comunitários. Situação que reduziu substancialmente o investimento, fixado inicialmente em 60 milhões de euros e que é agora de apenas 34 milhões de euros para as unidades em fase de estudo e construção.

Ainda assim, há projectos de novas pousadas em curso – Tavira, Forte de Santa Cruz e Forte de S. Sebastião, nos Açores, que não sofrerão alterações, sendo ainda a rede alargada com uma pousada na Madeira, além de existirem «ideias concretas» para o Douro e Coimbra. Para trás ficam as do interior do país. José Roquette considera que «temos obrigação de ter um olhar lúcido» e que «é difícil ter três pousadas viáveis na Serra da Estrela», manifestando a discordância face à reconversão do Sanatório dos Ferroviários da Covilhã em Pousada. Um projecto inscrito no plano de expansão e que segundo os responsáveis do Grupo Pestana pode colidir com as outras unidades instaladas na região. Apesar da responsabilidade da condução deste plano de crescimento caber à Enatur – Empresa Nacional de Turismo, controlada a 51 por cento pelo Estado, e à tutela, Roquette disse que é necessário «mais realismo» para evitar que daqui a uns anos tenha que haver um novo plano de redução. Recorde-se que as três unidades que estão em curso, acrescidas de duas em ampliação – Sagres e Marvão – vão incorporar na rede mais 100 quartos até ao final do próximo ano, compensando os 86 quartos retirados com a venda das cinco regionais anteriormente referidas. O Grupo Pestana comprometeu-se ainda a reforçar a rede com novas estruturas, mas para José Roquette as localizações prioritárias são Madeira, Douro e Lisboa.

Rita Lopes

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