Desde o início deste mês que o Grupo Pestana, através da recém-criada Grupo Pestana Pousadas, assumiu a gestão das Pousadas de Portugal ficando à frente dos destinos das 42 unidades hoteleiras existentes no país. Para já, poucas são as novidades relativas quer ao futuro de algumas estruturas, quer ao tipo de gestão que a partir de agora vai imperar com a nova gerência. Mas, ao que “O Interior” pode apurar, já existem algumas decisões quanto às pousadas da Beira Interior, nomeadamente a da Senhora das Neves (Almeida), a da Serra da Estrela (Covilhã), a de São Lourenço (Manteigas) e a de Linhares (Celorico da Beira). Assim, segundo o Gabinete de Comunicação e Relações Públicas (GDCRP) da Grupo Pestana Pousadas, a estrutura almeidense está inscrita no Plano de Redução «desde 2002». Sem mais explicações da parte daquele organismo, que ainda se encontra numa fase de arranque, tudo indica que a unidade de Almeida poderá, efectivamente, vir a encerrar as portas no final deste ano, uma vez que está incluída no programa de redução da nova empresa. Recorde-se que em Junho passado surgiram rumores de que a Pousada da Srª. das Neves iria ser vendida devido ao facto da Enatur – empresa pública responsável pelo Turismo e por este tipo de infra-estruturas, se querer desfazer de todas as pousadas que não funcionassem em monumentos nacionais, como castelos ou conventos. Aquela unidade hoteleira insere-se nesse grupo, uma vez que nada tem de histórico a não ser o facto de estar situada na fortaleza de uma Aldeia Histórica.
Relativamente à Pousada de São Lourenço, em Manteigas, o mesmo gabinete da Pestana Pousadas informa que «não está inscrita no Plano de Redução», o que poderá querer significar que a mesma deverá continuar a funcionar sob a tutela e com o apoio da Enatur. Uma realidade que, ao que parece, vem contrariar a filosofia da Empresa Nacional de Turismo, dado que aquela unidade hoteleira também nada tem de histórico, nem sequer está localizada num sítio com essa característica. Apenas o facto de estar localizada em plena Serra da Estrela, uma zona de grande atracção turística sobretudo nos meses de Inverno, poderá ter levado a nova administração a mantê-la em funcionamento.
Com um futuro ainda mais risonho está a Pousada da Serra da Estrela, situada entre a Covilhã e a Torre, que nascerá nas instalações do antigo sanatório dos ferroviários, uma estrutura concebida por Cotinneli Telmo em 1927. Esta unidade, que só em Fevereiro último viu ser lançado o concurso público internacional e que deverá abrir dentro de dois anos, «faz parte das novas pousadas históricas», explica aquele gabinete, adiantando que vai abrir com 63 quartos. Orçado em dez milhões de euros, o projecto de remodelação daquela infraestrutura histórica é da responsabilidade do arquitecto Souto Moura, tendo já sofrido alguns reajustamentos impostos pela Enatur, o que originou o atraso no concurso público internacional. Refira-se ainda que, até finais de 2005, a Enatur prevê abrir além desta mais três pousadas históricas no Continente e duas nos Açores.
Pousada de Linhares fora de plano
Em “maus lençóis” parece estar a Pousada de Linhares, Celorico da Beira, pois «não consta do novo plano de expansão» da empresa. Isto poderá significar que a estrutura não vai ser financiada pela Enatur e nem sequer integrada na rede das Pousadas de Portugal numa altura em que ainda faltam verbas para a equipar. Uma situação que, ao que parece, não preocupa o autarca de Celorico da Beira, António Caetano, que já solicitou uma audiência ao novo Conselho de Administração da Enatur para «saber da sua sensibilidade» (ver página 23 desta edição). É que «existe um protocolo que compromete a Enatur com aquele projecto», relembra o presidente da Câmara, cuja primeira pedra foi lançada em Agosto de 2000, pelo então autarca, Júlio Santos. O projecto tinha sido garantido em Dezembro de 98, altura em que a recuperação e adaptação dos solares das famílias Corte-Real e Brandão de Melo para pousada da Enatur ficou praticamente assegurada no âmbito do programa das Aldeias Históricas. Mas agora nada parece assegurar esta situação, embora Caetano esteja confiante que a Enatur ainda revire a sua posição, comunicada a “O Interior”.
Para já, a Grupo Pestana Pousadas dedica-se a conhecer as equipas de trabalho de cada pousada, a elaborar uma avaliação rigorosa dos pontos fortes e fracos de cada uma e, ainda, a avaliar as perspectivas do segundo semestre de 2003 para preparar a implementação gradual do novo modelo de gestão. A administração da nova empresa está a cargo de José Roquette, presidente do Conselho de Administração, e dos administradores Nuno Jardim Fernandes, Pedro Lopes, Bernardino Gomes e Helena Bebiano.
Rita Lopes