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Postos de Turismo da RTSE geridos pelas Câmaras

Decisão foi aprovada na última reunião da Comissão Regional de Turismo para aliviar as despesas financeiras do organismo turístico

Os postos de turismo que até agora estavam afectos à Região de Turismo da Serra da Estrela (RTSE), como é o caso na Covilhã, Belmonte, Celorico da Beira, Seia, Gouveia, Sabugueiro, Torre e Manteigas, vão passar a ser suportados pelas autarquias. A decisão foi aprovada na última reunião da Comissão Regional de Turismo, realizada na semana passada, como forma de aliviar as despesas e reforçar financeiramente aquele organismo turístico, tendo em conta que cada município terá uma tabela de preços consoante o fluxo de turistas. «Se os municípios querem ser devidamente divulgados e se a RTSE não tem receitas, então alguém tem que suportar essa divulgação e promoção», disse a “O Interior” José Manuel Biscaia, presidente da Câmara de Manteigas, justificando que serão as Câmaras a suportar a manutenção dos postos de turismo bem como o pagamento dos funcionários, tal como tinha sido discutido há dois meses atrás numa reunião em Belmonte. Uma prática que já vem sendo feita por algumas autarquias, como Guarda ou Penamacor.

Esta decisão surge dada a «deficitária capacidade financeira da RTSE», que apresenta dívidas acima dos 800 mil euros, ou seja, «superiores ao orçamento de um ano», critica Biscaia, apontando o dedo à gestão financeira da Região de Turismo. «Um bom gestor é aquele que se contém nos seus limites de capacidade», avisa, não sem antes acrescentar que há que os responsáveis têm que se «circunscrever à verba que têm disponível, caso contrário estamos a mentir em relação à gestão». O facto das dívidas serem superiores a 800 mil euros levou mesmo os autarcas a exigirem à RTSE a apresentação regular de «um plano de pagamento das dívidas a terceiros, principalmente à banca». A gestão de Jorge Patrão, actual presidente da Região de Turismo, já tinha sido duramente criticada em Abril na reunião da Comissão Regional de Turismo, onde as contas relativas a 2003 foram chumbadas por unanimidade por não estarem de acordo com as exigências do Plano Oficial de Contas da Administração Local (POCAL). Desta vez, as contas foram aprovadas por maioria, com 17 votos a favor e três abstenções, porque «estavam de acordo com o POCAL», refere Jorge Patrão. «Reconheci humildemente em Abril o erro cometido. Também agora é preciso reconhecer que fizemos tudo correctamente», disse o presidente da RTSE, que também ele tinha votado contra as próprias contas do organismo que dirige.

Quanto às acusações de má gestão por parte dos autarcas, Jorge Patrão atira as culpas para o Governo pela «falta de reforço» das verbas da RTSE nos últimos três anos, pelos «atrasos» da Acção Integrada de Base Territorial da Serra da Estrela (AIBT) na transferência de comparticipações (que ascendem a 200 mil euros) para apoio aos projectos apresentados pela RTSE e pelos atrasos das verbas correspondentes à inclusão dos concelhos de Almeida, Trancoso, Pinhel e Fornos de Algodres em Dezembro de 2001. «Só bastavam estas verbas e já tinha servido para amortizar a dívida», adianta Jorge Patrão, que recorda haver já uma dívida de 500 mil euros quando assumiu a direcção da Região de Turismo, sendo que 125 mil se devem às obras na sede que ainda estão a ser pagas.

Liliana Correia

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