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Portugal sobe para sétimo lugar no clube da bancarrota

Desde o início da crise governamental, os juros da dívida a dez anos subiram um ponto percentual no mercado secundário e a probabilidade de incumprimento agravou-se quase oito pontos percentuais.

Portugal subiu para a sétima posição no grupo das dez economias com mais alta probabilidade de incumprimento da dívida soberana num horizonte de cinco anos, segundo dados do indicador da CMA S&P Capital IQ. O país havia saído deste grupo a 21 de maio e regressou três dias depois ao nono lugar, tendo estado na oitava posição na semana do início da crise governamental.

A subida de hoje para a sétima posição deriva do disparo no custo dos credit default swaps (cds), derivados financeiros que funcionam como seguros contra o risco de incumprimento. O custo dos cds fechou hoje em 545 pontos base, uma subida de 55 pontos em relação ao fecho de ontem.

A semana encerrou com as yields das obrigações do Tesouro a dez anos a fecharem no mercado secundário em 7,52 por cento, um valor superior ao registado a 3 de julho, o dia do auge do efeito das demissões ministeriais que iniciaram a atual crise governamental. O dia abriu com as yields em 7 por cento e teve um pico pelas 14h30 em 7,78 por cento, segundo dados da investing.com.

Fecharam hoje acima de 7 por cento as yields nos prazos a três, quatro, cinco, seis, sete, oito, dez e 30 anos. Nos prazos a seis e sete anos – que se encontram no intervalo do prazo residual médio da dívida portuguesa -, as yields atingiram picos durante o dia superiores a 8 por cento.

O prémio de risco da dívida portuguesa em relação à dívida alemã subiu hoje para 5,96 pontos percentuais, o diferencial mais alto desde o início desta crise governamental, segundo dados da datosmacro.com.

No decurso de uma semana, todos estes indicadores subiram: 37 pontos base (0,37 pontos percentuais) para as yields no prazo a dez anos; 64,18 pontos base para o custo dos cds; 3,38 pontos percentuais para a probabilidade de incumprimento; mais de meio ponto percentual para o prémio de risco.

A volatilidade de hoje nestes mercados da dívida foi considerada como resultante do facto do «caos político continuar», segundo a agência financeira Markit.

O agravamento destes indicadores não se repercute diretamente nos juros que vencem sobre a dívida soberana existente quer a credores privados como a credores oficiais (a troika) que totalizava em 31 de maio cerca de 203,5 mil milhões de euros. Mas são indicativos das dificuldades que se colocam a emissões obrigacionistas pelo Estado (no mercado primário, o que se tem designado de “regresso aos mercados”) e do encarecimento dos seguros contra o risco de incumprimento dessa dívida.

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