A RTP dedicou na passada segunda-feira o novíssimo programa “Portugal em Directo” à Cova da Beira. Um estudo sobre as contas nacionais de 2003, agora apresentado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), serviu de mote para um debate em torno do estado económico da região, em directo das instalações da Biblioteca Central da Universidade da Beira Interior (UBI) na Covilhã.
Os números dizem que a Serra da Estrela apresenta um PIB per capita que está 44 por cento abaixo da média nacional. A Cova da Beira, que integra os concelhos do Fundão, Belmonte e Covilhã, situa-se 27 pontos abaixo do índice nacional, enquanto a Beira Interior Norte fica-se a quase 30 pontos de distância. Estes números, que sugerem um Portugal bastante desigual e um interior cada vez mais pobre, são agravados pelas falências no sector têxtil e também pelos incêndios. Um cenário que nem o encurtar de distâncias que a A23 favoreceu parece ajudar a contrariar. Participaram no debate Pires Manso, do Observatório para o Desenvolvimento Económico e Social da UBI; Luís Garra, coordenador da União de Sindicatos da Beira Interior; Domingos Vaz, sociólogo e professor da UBI; e Graça Rojão, representante da Beira Serra.
No dia seguinte, o “Portugal em Directo” parou na Guarda, onde a implementação da Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial (PLIE) esteve em grande destaque. O programa foi emitido em directo a partir da estação de caminhos-de-ferro da cidade e para o debate foi convidado Álvaro Guerreiro, actual presidente da Câmara e também presidente do Conselho de Administração da Sociedade PLIE, que procurou explicar o desenvolvimento de todo o projecto. Luís Baptista-Martins foi outro dos convidados a opinar sobre a PLIE. O director de “O Interior” frisou a dificuldade das pessoas perceberem «a importância da logística na competitividade empresarial», referindo que a generalidade da população confunde “plataforma logística” com “parque industrial”, «quando são coisas bem diferentes». Outra participação coube ao administrador do grupo Joalto, accionista da PLIE. José Luís Carrilho de Almeida apressou-se a referir a importância de um centro logístico desta natureza na Guarda, entendendo-o como «essencial para a região».
Já Augusto Mateus, ex-ministro da Economia e “pai” do projecto, preferiu evidenciar a importância estratégica em torno da PLIE. O presidente do NERGA, Teixeira Diniz, interveio de seguida para referir que a plataforma pode «contribuir para a dinamização» empresarial da região. Por outro lado, Luís Baptista Martins criticou a «lentidão do processo» e deixou ao futuro presidente da Câmara, Joaquim Valente, o repto de «conseguir» outro tipo de apoio para o projecto por parte do Governo. Joaquim Valente, que também participou, preferiu evidenciar os aspectos positivos da PLIE e mostrou o seu optimismo em relação à implementação da iniciativa. Esta foi uma oportunidade de promover e dar a conhecer ao país um projecto que, mesmo por cá, ainda é pouco conhecido.