Relatório da UNICEF fala na incapacidade dos pais em fazerem face a despesas inesperadas ou na dificuldade em pagar a prestação da casa.
Portugal é o quinto pior país da Europa, entre 29, no que respeita às condições de vida das crianças, segundo um relatório da UNICEF citado pelo “Diário de Notícias”.
O relatório aponta como razões para esta classificação a incapacidade dos pais em fazerem face a despesas inesperadas ou a dificuldade em pagar a prestação da casa. Em muitos casos, não há sequer dinheiro para dar aos filhos uma refeição de carne ou peixe, dia sim, dia não. A lista dos piores países é liderada pela Roménia, seguida da Bulgária e da Hungria. Já a Islândia, a Suécia e a Noruega estão entre os países que melhores condições de vida proporcionam às crianças.
Entretanto, o comissário para os Direitos Humanos do Conselho da Europa alerta que a crise económica em Portugal está a gerar mais abandono escolar e há um «risco real» de aumento do trabalho infantil. Estas declarações foram feitas no final de uma visita oficial a Portugal de Nils Muiznieks.
Não tendo dados sobre «caso concretos» de trabalho infantil, o comissário recebeu do Provedor de Justiça a indicação de «um aumento de queixa» relacionadas com os direitos das crianças, nomeadamente com abandono escolar e trabalho infantil. «As crianças sofrem muito durante as crises», disse, realçando que o trabalho infantil «ainda não é um problema generalizado, nem houve um retrocesso até à dimensão que já teve no passado, mas há um risco real, no contexto da crise, com as crianças a deixarem a escola e as famílias em situação difícil, de o fenómeno voltar». Nesse sentido, considera que é preciso ter em atenção «a situação dos grupos vulneráveis, que têm mais dificuldade em defender os seus direitos», nomeadamente «crianças, idosos, pessoas com deficiência, imigrantes e membros da comunidade cigana».