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Portuga all angustiado

Sinais do Tempo

A ansiedade e a angústia dominaram a semana da Páscoa.

A chuva, o vento e o frio, não permitiram bronzear os corpos, obrigando a uma passagem frustrada pelo “Allgarve”, dando razão ao ministro Pinho na escolha publicitária do agora prefixo anglo saxónico, revelador que no Sul há “All”, ou seja, há tudo. Mas, já agora, porque não é promovido todo o país por igual. Provavelmente seria mais consistente e até nos aumentava o ego, mudando o nome para Portuga all. Assim, não sentíamos que há dois países, um administrativo, burocrata e gastador que é Lisboa e outro turístico e de relaxamento que é a região do Algarve. Ficava tudo (all) no mesmo saco. É mesmo isto que me incomoda é que o sol quando nasce nem sempre é para todos.

A eterna discussão à volta do tema Ota, não nos deixa relaxar, porque afinal há relatórios que propositadamente estavam engavetados e que aumentam em muito o investimento, sem falar nos custos ambientais. Os engenheiros projectarão a obra sem dificuldades, haja dinheiro e defesa dos interesses presumivelmente já instalados na zona.

Por outro lado a crise da Universidade Independente é no mínimo reveladora de como se faz a gestão das escolas superiores privadas misturando interesses económicos diversos com a falta de respeito pela denominação “Universidade”. A sensação é a de “déja vu” da Moderna. Esta sobreviveu, ao contrário da primeira com morte anunciada.

Arrastados nesta confusão apareceram nomes sonantes ligados ao PS e ao poder.

Na realidade estou angustiado. Não me interessa se o Primeiro-ministro é engenheiro licenciado em bacharel ou bacharel licenciado em engenheiro, mas é importante saber como se licenciou. Suou as estopinhas? Arrancou as pestanas? Quantas “directas” fez? Quanto gastou em fotocópias? Quanto custou o diploma? Importante ainda é saber se José Sócrates com as responsabilidades que detinha na altura foi favorecido ao obter a licenciatura? Mais importante é saber se teve ou ainda tem custos para a Nação, o resto é chafurdar no charco. Sabendo que um dos trunfos deste Governo passa pela boa imagem do seu chefe na comunicação social, não tenhamos dúvidas que este episódio a vai enfraquecer. A relação entre os media e o Primeiro-ministro não mais será a mesma.

A ASAE aparece frequentemente nas notícias. Fico satisfeito, demonstra a preocupação em reduzir o lucro fácil, actuando no mercado paralelo e aumentando a confiança nos produtos alimentares que consumimos. Na realidade a contrafacção é um negócio chorudo e tem permitido aliviar de forma irregular algumas fábricas têxteis nacionais, não sendo socialmente negligenciável. Fico angustiado quando vejo na TV todo o aparato policial, com agentes de cara coberta e metralhadoras em punho. Vai ser cada vez mais difícil comprar uma camisola “lacoste” ou “versace”… Desenganem-se os que vão à procura de um queijinho curado naturalmente ou uns verdadeiros enchidos, com algumas moscas à mistura. As feiras já não são o que eram. A ASAE não desistirá enquanto os produtos alimentares não atinjam a perfeição máxima de higiene e uniformidade de sabor. Em Marrocos teriam trabalho pelo menos para 50 anos…

Mais angustiado fico quando vejo chegar as andorinhas. Ainda está tanto frio. Coitadas, por certo foram enganadas pelos cartazes do “Gato Fedorento” ou será que o ministro Pinho já se adiantou e começou a promover Portuga all?

Por: João Santiago Correia

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