Arquivo

Porto da Carne recupera regadio tradicional

Concurso público já foi lançado, mas as obras só deverão começar em Setembro

Já foi lançado o concurso público para a execução da empreitada de recuperação do regadio tradicional do Porto da Carne. Trata-se de uma obra que vai beneficiar todos os agricultores da freguesia e que consiste na abertura de um novo canal para rega a partir do rio Mondego. Os trabalhos só deverão começar em Setembro.

Entretanto foi já constituída a Junta de Agricultores do Regadio Tradicional do Porto da Carne, composta por cinco elementos, com o objectivo de recuperar um regadio «que já está muito ultrapassado», explica José Baptista, presidente daquela associação e da Junta de Freguesia local. «Era um assunto que preocupava há muito tempo os agricultores da região, mas só agora se decidiu tomar medidas», acrescenta. O projecto enquadra-se no programa Agris, financiado por fundos comunitários, na sub-acção relativa aos novos regadios colectivos e beneficiação de regadios tradicionais. Nesse sentido, pretende-se a preservação e recuperação dos sistemas de regadio tradicional ali existente, evitando os desperdícios de água que actualmente se verificam e permitindo nalgumas situações a adopção de tecnologias de rega alternativas mais eficientes. A iniciativa contou igualmente com o apoio da Câmara Municipal, que «ajudou com os trabalhos topográficos», adianta José Baptista.

Esta obra vai ser feita com vista à recuperação do regadio tradicional no vale do Mondego, uma zona com maior potencial agrícola do concelho. Por isso, José Baptista tem todas as razões para se sentir «optimista» quanto aos proveitos do novo canal. «Quando a obra estiver concluída vai melhorar as condições de mais de 70 por cento da população de Porto da Carne e ainda de alguns habitantes de aldeias limítrofes», garante, uma vez que tem uma extensão de cerca de três mil metros. «Actualmente, o regadio está em muito mal estado e a água, por vezes, já não chega aos terrenos», explica o presidente da associação. Contudo, não é por causa da seca, porque o rio Mondego «ainda leva muita água», acrescenta com a sabedoria de quem ali vive há 35 anos. Entretanto, no próximo dia 15, os produtores do Porto da Carne, Vila Cortês e Sobral da Serra vão limpar todo o regadio, parcialmente obstruído por «muitas ervas e areia», constata o agricultor. José Baptista considera «urgente» a recuperação do regadio, mas adianta que a obra só deverá começar em Setembro: «Não há muitos declives naquela linha de água», justifica, acrescentando que a água vai ter que ser desviada do seu curso habitual, pelo que «é preferível» que a empreitada arranque num período mais húmido. A intervenção deverá custar mais de 123 mil euros, permitindo fazer chegar água a todos os campos agrícolas da zona, «onde ainda se cultiva de tudo», orgulha-se o responsável, como batata, couve, pimentos, milho, feijão, cebolas, tomates, entre outros produtos.

Patrícia Correia

Sobre o autor

Leave a Reply