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Portagens são «um abuso e um erro desnecessário»

PS da Guarda desafia deputados da maioria eleitos por Castelo Branco, Guarda e Viseu a votarem contra as portagens

O ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações deverá ir brevemente à comissão parlamentar de obras públicas, na Assembleia da República, explicar o que o Governo pretende fazer com as concessões SCUT. Até lá, António Mexia é o alvo das críticas de socialistas e dirigentes das comissões de utentes das auto-estradas da Beira Interior e Beira Alta, enquanto os dirigentes do PSD se dizem satisfeitos com a eventualidade de uma discriminação positiva para os utilizadores locais.

A Federação do PS da Guarda apelou segunda-feira aos nove deputados do PSD e PP eleitos pelos distritos de Castelo Branco Guarda e Viseu para que nesta matéria votem «em consciência e em consonância com os interesses das populações do interior», ou seja, contra as portagens na A23 e A25. «O seu voto contra estas medidas é um imperativo nacional e regional e é suficiente para que esta possibilidade seja chumbada na Assembleia da República», invocou Fernando Cabral, presidente dos socialistas guardenses e também deputado, dirigindo-se concretamente a Ana Manso (Guarda) e Almeida Henriques (Viseu), ambos do PSD, de quem espera que «passem do discurso à prática». Os socialistas voltam a argumentar com a falta de estradas alternativas e com o facto destas auto-estradas serem «uma das muitas medidas de incentivos necessárias ao desenvolvimento do interior» para se oporem às portagens. E recordam, por outro lado, que o Governo espanhol está a fazer uma auto-estrada até à fronteira «sem qualquer portagem», exigindo por isso o cumprimento das decisões dos Governos socialistas relativamente às SCUT. «O desenvolvimento da região Centro está a ser coarctado pela actuação da maioria governamental», acusa o PS da Guarda, considerando que as portagens «ferem as capacidades competitivas das empresas existentes e desmotivam os potenciais investidores», para além «destes novos impostos serem um abuso e um erro desnecessário».

Para Miguel Nascimento, vereador do PS na Câmara da Covilhã, os Executivos do PSD/CDS «vão ficar na história como os Governos que vieram tirar ao interior e à Covilhã o que os do PS cá deixaram». Já a Comissão de Utentes da Auto-Estrada da Beira Interior garantiu que o Governo «vai comprar uma guerra» caso avance com a introdução de portagens na A23. Segundo o porta-voz daquela entidade, «mantêm-se as razões de coesão nacional que levaram no passado a criar no interior uma auto-estrada sem portagens», refere Jorge Fael, que assegura que esta nova situação vai provocar uma nova dinâmica, «a mesma que no passado levou a recolher 10 mil assinaturas em pouco tempo contra as portagens e a montar protestos contra membros do Governo». Mais a Norte, Francisco Almeida, da Comissão de Utentes contra as Portagens no IP5/A25, considera que faz «cada vez mais sentido» os cidadãos subscreverem o abaixo-assinado posto a circular na região, uma iniciativa que já juntou mais de 13.400 assinaturas e que vai ser entregue em Outubro na Assembleia da República. «Somos absolutamente contra enquanto não houver alternativas viáveis para se poder circular entre Vilar Formoso e Aveiro sem pagar», refere.

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