No dia em que este exemplar for lido na rua, em casa, nas mesas de café ou numa cama de bordel, o Papa Bento XVI despede-se do ofício. Se o Papa fosse como Luís Filipe Meneses, provavelmente estaria a abdicar da cadeira de Pedro para se candidatar a Dalai Lama. Assim, segue os passos de Rui Rio e retira-se para um mosteiro em oração. Como o Papa vai para uma espécie de férias definitivas há já quem afirme que neste caso não se trata de “sede vacante” mas sim de “sede vacances”.
Como agnóstico, este é um assunto que não me diz respeito. Como colunista, é o único tema de que me lembro a meia hora do fecho da edição.
Apesar da condição de não crente, estou solidário com os fiéis da Igreja Católica e decidi que esta semana irei também mudar de papa, embora esteja indeciso entre aveia e a nova Pensal de mel, mas nada que um concílio dos órgãos internos não resolva.
A propósito da forma como se escolhe o Bispo de Roma, existe uma curiosa coincidência entre os conclaves papais e as eleições legislativas portuguesas, já que em ambos os casos se acredita que a escolha é feita através da força do Espírito Santo. A diferença é que no Vaticano assume a forma de pomba e em Portugal, de banco.
Por outro lado, a forma de anunciar a boa nova aos fiéis deveria ser repensada. Em vez de poluir a atmosfera com fumos pretos e brancos, faziam um anúncio no twitter ou mandavam entrar as criancinhas. Com os cardeais de regresso ao ritmo habitual do seu quotidiano se saberia que o conclave estava enfim terminado. Dessa forma o Vaticano não excederia a sua quota de emissão de gases de estufa com a queima de tanto papel.
Apesar de eu não pertencer à congregação a que presidiu Bento XVI, senti sempre empatia com este intelectual que não tinha vergonha de acreditar no papel da Igreja, de criticar Habermas nem de usar vestidos em público. Bom retiro, senhor José Aloísio.
Por: Nuno Amaral Jerónimo