(…) Como milhares de outros cidadãos, (…) também ao domingo procurava actualizar a informação nos comentários do Professor Marcelo, que, na óptica de quem o ouve, é natural que não possa dizer bem do que está mal. Tudo indica que os nossos governantes não gostam de ser confrontados com a verdade, ainda que esta saia da mesma linha de orientação político-partidária, e por isso pressionam quem não está de acordo com as práticas seguidas pelo actual Governo. Não será isto uma forma de censura?
(…) O Estado deve ser pessoa de bem, mas não cumpre as Leis que saem da Assembleia da República. Reporto-me concretamente às reformas dos funcionários públicos – que segundo a Lei vigente até 31 de Dezembro pretérito, pela Caixa Geral de Aposentações tinham direito a aposentar-se com 55 anos de idade e 36 anos de serviço – mas alguns deixaram de poder fazê-lo no decurso da anuidade de 2003 com base num despacho da anterior ministra das Finanças, porque, teimosamente, não quis reconhecer-lhes esse direito, existindo hoje centenas de processos que correm termos nos Tribunais Administrativos. Digo alguns, porque também aqui houve dois pesos e duas medidas para definir os critérios de avaliação.
E que dizer das reformas milionárias, que apesar de «obscenas» na óptica do actual ministro das Finanças, não precisaram de recorrer a qualquer tipo de justiça para que fossem autorizadas? É este tipo de procedimentos que levam o cidadão comum a interrogar-se. Será justiça social tirar aos mais humildes para beneficiar os economicamente poderosos? (…) Quanto às SCUT, que saibamos, a primeira e única via rápida projectada como SCUT, objectivando o respectivo desenvolvimento regional, foi a da Beira Interior resultando todas as outras (seis) do aproveitamento político de “lobbys” instalados. (…) Eis que o Governo teve a preocupação de vir a público defender o princípio do utilizador/pagador em todas elas e, de imediato, os políticos algarvios, em bicos-de-pés por não considerarem a EN 125 alternativa, rejeitam a decisão e se arrogam de muito contribuírem com os seus impostos para o desenvolvimento do país. O ministro pressionado, diz-lhes que vai estudar o assunto. Será que a EN18 é para nós alternativa? Quem defende esta região? Face ao mesmo princípio do utilizador/pagador, porque teremos nós de continuar a suportar os custos com os passes sociais nos transportes dos grandes centros urbanos?
Os erros políticos pagam-se caros. Veja-se a Argentina, um grande país de recursos naturais fora do comum, onde a corrupção e o favorecimento da incompetência levaram a desastres económicos de proporções gigantescas. Que Deus nos livre de os vermos repetidos num país como o nosso.
Santos Moura, Guarda