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Porque será?…

Quem ouviu comentar aos representantes locais eleitos nas listas dos partidos políticos pelo nosso distrito teve oportunidade de registar a diferença de opiniões entre os discursos (poder/oposição) a propósito do Orçamento de Estado para 2004.

O PSD congratula-se e faz a apologia de forma quase vitoriosa com o orçamento possível, alegando dificuldades conjunturais que o país atravessa. Mas se, a nível nacional, o PIDDAC regista uma quebra de apenas seis por cento face ao ano anterior, porque há-de esta região sofrer um desvio três vezes maior?

Dir-me-ão que o bolo é distribuído de acordo com o número de eleitores residentes e de conformidade com a divisão territorial. Logo, porque somos um distrito onde não há pessoas – situação de que nenhum Governo se pode demitir, porque todos eles têm contribuído para a desertificação e para o actual estado de coisas – caberia aos representantes parlamentares locais pugnar no sentido de convencer os seus pares para que futuramente sejam alteradas as regras do jogo, por forma a que também futuramente se atendesse menos ao número de eleitores e mais às áreas geográficas que é necessário apoiar e proteger com os parcos recursos e fundos disponíveis no OE.

Para que servem ao interior os muitos milhões de contos gastos em dez estádios de futebol construídos com os impostos de todos nós? Até hoje, não vi nenhum astuto da nossa praça defender investimentos compensatórios em obras estruturantes que pudessem ombrear em dimensão com os gastos realizados em cada uma das cidades beneficiadas. Quanto ao PS local, que agora vem denunciar por defeito (-17 por cento) o emagrecimento do PIDDAC no distrito, assumiu e apoiou sempre enquanto foi poder (sem contestação) as decisões emanadas do Governo Central. Cada vez menos credível, assim vai a política na nossa terra, onde o fosso ao nível das assimetrias se agudiza todos os dias em vez de se esbater, para mal de todos quantos decidiram fixar-se numa zona onde apenas beneficiamos das oportunidades proporcionadas pelo clima saudável e pela localização privilegiada, cujas vantagens não dependem dos poderes políticos instalados nem podem ser-nos retiradas através dum simples despacho.

Porque esta região merece melhor, insisto na necessidade de criar um movimento cívico apartidário, constituído por cidadãos independentes, destinado a disputar o poder nas próximas eleições autárquicas.

Santos Moura, Guarda

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