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Por uma alternativa à desertificação

Crónica Política

O actual quadro de ataque aos direitos dos trabalhadores e das populações não está dissociado do quadro contínuo de desinvestimento público e a não aposta em políticas que quebrem o isolamento que assola todo o interior e que implicitamente se repercute no Distrito da Guarda. Aumenta o desemprego que afecta milhares de trabalhadores, os dados o desemprego de Longa Duração são preocupantes, dos 35 -54 anos por exemplo em Almeida afecta 50% da população desempregada;Sabugal-52%;FCR~50%; Pinhel-72% e neste concelho 80% dos desempregados em Pinhel são Mulheres. A precariedade laboral afecta sobretudo os jovens, mas também os mais velhos. Agravam-se as dificuldades no acesso a um posto de trabalho, emerge uma economia social que não espelha a equidade no acesso de oportunidades ao mercado de trabalho. Desaparecem paulatinamente postos de trabalho que foram tradicionais em muitos sectores. Acresce a tudo isto, as limitações de intervenção sindical nas empresas e nos serviços públicos fruto da acção deste governo PS.

Importa saber se as opções das políticas do poder central e local têm como objectivo efectivo a rentabilização das nossas potencialidades endógenas, nomeadamente na agricultura, vinicultura, industrias extractivas, principalmente ligadas ao granito, do turismo.

Alguém se recorda da pompa e circunstância do programa das aldeias históricas, ainda do tempo do Cavaco? Que resultados? A não fixação dos jovens, o encerramento da linha do Douro do Pocinho até Barca D’Alva, também da responsabilidade do PSD/Cavaco e a seguir o PS/Guterres não reabriu, é urgente a defesa da reabertura, não no sentido estrito para os turistas, mas também para as populações desta região.

Muitos têm advogado que é necessário pensar um novo paradigma de desenvolvimento, pois bem, hoje, a aposta passa pela efectivação da regionalização, desde logo um preceito constitucional. É urgente que as opções políticas tenham como desiderato o necessário combate às assimetrias, neste sentido, o PCP há muito tempo que defende um Plano de emergência em defesa da actividade económica da região raiana, que aproveite as potencialidades e previna os efeitos negativos que resultam da proximidade a uma economia mais desenvolvida e beneficiada comparativamente em termos fiscais e de apoios estatais e comunitários.

O PCP desde há vinte anos sempre defendeu a nossa agricultura familiar, aquando da integração na chamada CEE, apresentou e apresenta propostas para a revitalização das zonas fronteiriças, vejam as perdas sociais em Vilar Formoso. Esteve na vanguarda da revitalização do transporte ferroviário, no nosso distrito as apostas passavam pela reabertura da linha do Douro no troço anteriormente referido, a revitalização da linha da Beira-Baixa e a construção de um troço com origem em Vila Franca das Naves e servir o norte do distrito.

O PCP não tem nenhum deputado eleito pelo círculo da Guarda, no entanto apresentou mais propostas na Assembleia da República que os quatro deputados(2 do PS e 2 do PSD). Vamos ver o sentido de votação desses deputados, sobre a proposta do PCP sobre o Plano Integrado para o Desenvolvimento do Distrito da Guarda. Sem tibiezas, mantemos a defesa dos SAP’s e maior investimento nos CSP como resposta pública às populações na área da saúde.

Considero, como enfermeiro, que a resposta na melhoria no acesso aos cuidados de saúde públicos é sem dúvida uma medida também ela alternativa e de combate à desertificação dos meios rurais, principalmente em alguns concelhos da Raia. A luta dos nossos eleitos locais tudo fizeram, incluindo, as jornadas parlamentares do PCP que decorreram na Guarda em Dezembro de 2006, para travarem o encerramento dos mesmos. Não podemos permitir que venham a ter “morte natural” decorrente da falta de investimento do poder central. A aposta passa por medidas de discriminação positiva nas carreiras dos profissionais de saúde que optem pelo Interior e principalmente pelos Cuidados de Saúde Primários.

As populações devem apoiar a luta dos enfermeiros, que defendem a implementação do enfermeiro de família e de programas direccionados a serviços de proximidade no contexto da rede dos CSP com o desiderato da melhoria de serviços que fomentem a promoção da saúde e a prevenção da doença. Será muito mais barato prevenir que remediar…

* dirigente da Direcção da Organização Regional da Guarda do PCP

Por: Honorato Robalo

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