A Aldeia de S. Francisco de Assis e a Câmara da Covilhã querem que o Governo resolva a poluição resultante da extracção de volfrâmio nas Minas da Panasqueira. Há muito que o presidente da Junta tem alertado para os problemas ambientais causados, mas exige agora que a tutela «faça alguma coisa para minimizar» a situação a que a localidade está votada há quase um século.
Para além da poluição na ribeira, José Luís Campos queixa-se das barragens de lamas e dos montes de sarrisca que se erguem na paisagem e estão literalmente a «enterrar» a floresta na vizinhança. O alerta foi feito pelo próprio na última sexta-feira, na Assembleia Municipal da Covilhã, esperando que haja financiamento no Quadro Comunitário de Apoio (QCA) para resolver o caso. Do seu lado está o presidente da Câmara da Covilhã. Carlos Pinto considera que a concessionária das minas tem que assumir «as suas responsabilidades». No entanto, apelou também para «algum equilíbrio» nas exigências, até porque se trata de uma empresa que esteve na iminência de fechar até há pouco tempo. Por isso, «ou o Governo toma medidas a sério, ou então temos o “caldo entornado”», avisou, lembrando os investimentos da autarquia em ETAR’s no concelho. «Seria inglório fazermos este investimento e não termos aquele problema resolvido», sustentou.
A “O Interior”, Fernando Vitorino assegurou que está «tudo sob controlo», desde a Barragem das Lamas ao tratamento das águas. No entanto, admite que há alguma água que não é tratada nos dias mais chuvosos. «É natural que, tratando-se de uma mina com 100 anos, haja mais infiltração e mais água a sair e que não a consigamos tratar toda na nossa ETAR», explicou o director geral da BTW, assegurando, no entanto, que a empresa faz «regularmente» a monitorização de vários pontos dos caudais da ribeira e do rio Zêzere para verificar a qualidade da água. De resto, não compreende «o porquê de tanta preocupação», uma vez que todas as empresas terão que ter licença ambiental até Outubro de 2007. «Estamos a trabalhar nesse assunto, pois a empresa fecha se não tiver essa licença». Nesse sentido, a BTW vai construir uma nova ETAR, num investimento entre 300 a 400 mil euros. Quanto aos montes de sarrisca que se avistam logo em Silvares, Fernando Vitorino diz tratar-se de «uma paisagem com 100 anos e, por isso, impossível de apagar», mas acrescentando que a sarrisca poderá ser útil na construção de estradas e vir a ser «uma grande riqueza». De resto, a empresa deverá assinar ainda este mês o contrato para sondagens prospectivas para a exploração de estanho na zona da Argemela.
Liliana Correia