As descargas de entulhos junto a residências num bairro da Guarda duram há cinco anos e foram novamente denunciadas ao executivo por um morador. Mas a apresentação do caso – que já tinha sido relatado por O INTERIOR em 2016 – acabou por gerar algum mal-estar no executivo porque o edil interrompeu o munícipe alegando que «estava a dizer asneiras». O PS lamentou o «tom intimidatório» do presidente.
Um caso de poluição relatado por O INTERIOR em junho de 2016 na Rasa, um bairro da Guarda, continua por resolver e levou um morador a pedir explicações ao executivo na última reunião de Câmara, realizada na segunda-feira.
Júlio Dias, relatou as queixas dos residentes da Rua da Rasa por causa da poluição provocada pelas sucessivas descargas de entulho de obras num terreno privado perto das suas casas. Recordou que a situação acontece há cerca de cinco anos e «as autoridades não atuam», tendo resultado no enchimento de parte do referido lote de terreno. O morador contou também que as descargas eram feitas durante o dia e a qualquer hora, sendo que o movimento dos camiões e carrinhas de caixa aberta que transportam os detritos estavam a danificar o caminho asfaltado que serve aquela zona. Na resposta, Álvaro Amaro adiantou que foram pedidos pareceres à CCDRC e notificado o dono do terreno, que informou o município de que pretendia iniciar a respetiva operação de loteamento. «Até lá a empresa desenvolve a atividade que bem entender, a questão é saber se essa atividade é legal», disse o autarca, que garantiu que a Câmara «vai fazer cumprir a lei o mais rapidamente possível».
E acrescentou: «Se não executar o loteamento e se o que está a acontecer no local for ilegal, a situação acaba já amanhã». A apresentação do caso – que já tinha sido levado à sessão por Pedro Fonseca em janeiro deste ano – acabou por gerar algum mal-estar no executivo porque o edil interrompeu o munícipe alegando que «estava a dizer asneiras». Eduardo Brito não gostou e lamentou que o «tom intimidatório» do presidente: «Com este tratamento nenhum guardense se sentirá à vontade para vir à Câmara falar dos problemas que o afetam. As pessoas não podem vir aqui para serem insultadas», disse o socialista. Também Pedro Fonseca ficou «incomodado» com a reação de Álvaro Amaro: «A democracia não sai favorecida. Este péssimo tratamento desincentiva a participação dos munícipes», considerou o vereador. Para o presidente da Câmara, tudo não passou de um incidente criado pelos vereadores da oposição. «Só corrigi o senhor porque não estava a ser rigoroso. O PS não gosta do meu estilo porque faz mossa e ganha eleições», respondeu, sublinhando que a Guarda «quer determinação e convicção, não a política antiga de prometer tudo a todos e depois nada fazer».
Medidas do Movimento pelo Interior são como «comida sem sal»
Nesta sessão Eduardo Brito pronunciou-se sobre as propostas do Movimento pelo Interior, dizendo que as medidas apresentadas são como «comida sem sal». Para o vereador, «sem reduzir os custos de contexto, como as tarifas da eletricidade, da água, do IMI e as portagens, nada feito. Ignorar isto não é compreensível». O socialista disse-se «muito desiludido» com o resultado final do Movimento, liderado por Álvaro Amaro, e contrapôs que «medidas de coragem e que fazem a diferença» são baixar preços da eletricidade, eliminar portagens e as Câmaras reduzirem o IMI. Na resposta, Álvaro Amaro assumiu que a preocupação do Movimento é que o Parlamento e o Governo «legislem em termos de medidas estruturais». O presidente apelou ainda aos socialistas para «deixem a política» porque «o interior precisa é de mobilizar vontades». O edil guardense também criticou a «visão redutora» de Santinho Pacheco, que, na sua crónica mensal n’O INTERIOR, publicada na edição anterior, escreveu que «apresentar o relatório em Lisboa foi pura provocação ou… rendição ao centralismo?». Nada disso, reagiu Álvaro Amaro: «O problema do interior resolve-se na sede do Governo».
Luis Martins
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