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Politécnico da Guarda prepara-se para «anos difíceis»

O próximo Orçamento de Estado traz mais cortes para o ensino superior. No caso do IPG isso vai traduzir-se em menos 2,5 por cento nas transferências para 2015, que deverão ser compensadas com a redução das despesas de funcionamento, da formação de professores e com o aumento das propinas.

Cortes nas despesas de funcionamento, na formação de professores e aumento das propinas são algumas das medidas que o Instituto Politécnico da Guarda (IPG) deverá adotar em 2015 para compensar a redução anunciada pela tutela no financiamento das instituições de ensino superior. «É inevitável, não há outra forma de solucionar este problema, a não ser que deixemos de pagar salários e aos fornecedores», adianta Constantino Rei.

No ano letivo de 2013-2014, o IPG teve uma dotação inicial superior a 9,8 milhões de euros e para o próximo vai receber do Orçamento de Estado 9,9 milhões, já com as verbas da ação social incluídas. «Para a mesma despesa, há uma redução de 2,5 por cento nas transferências do Estado», calcula o presidente do Politécnico, que se prepara para enfrentar «um dos anos mais difíceis» do seu mandato. «Este ano vamos esgotar o saldo positivo de cerca de um milhão de euros transitado do ano anterior e teremos um défice, o que significa que não vamos cumprir a lei dos compromissos. Mas quem está em incumprimento é o Estado, que aumenta impostos, altera as regras sem transferir as contribuições devidas e reduz o financiamento», critica o também professor de Economia. Obrigado a abrir mais um furo num “cinto já muito apertado”, Constantino Rei anuncia que vai propor ao Conselho Geral o aumento da propina em 2015, pois, «neste momento, é a nossa principal fonte de receitas».

Mudar os horários de funcionamento das quatro escolas superiores e dos serviços do Instituto, sobretudo no inverno, é outra medida que vai ser analisada com o objetivo de reduzir os consumos de gás e eletricidade. «Anualmente, a nossa fatura energética é de largas centenas de milhares de euros, pelo que vamos ter que poupar mais a partir de agora», avisa o responsável. Mais problemático vai ser pagar às duas dezenas de docentes do IPG que concluírem o doutoramento este ano e, por força disso, passarem à categoria de professores-adjuntos com a respetiva atualização salarial. «Estes professores têm direito a esse aumento, é um preceito legal, a questão haverá outras coisas que ficarão por fazer por falta de dinheiro», refere o presidente do Instituto, acrescentando que as despesas com pessoal rondam os 14 milhões de euros. «A gestão do IPG já é deficitária porque só recebemos quase 10 milhões do Orçamento de Estado. O restante vem das propinas, de candidaturas a projetos e programas comunitários, bem como às prestações de serviços a empresas», afirma.

No entanto, Constantino Rei garante que os últimos anos têm sido «complicados» em termos de receitas e exemplifica: «Chegámos a faturar cerca de 500 mil euros por ano na prestação der serviços na área da construção civil, mas ultimamente esse valor caiu a pique por causa da crise», revela o presidente do IPG. Como alternativas, o dirigente admite que tinha «alguma expetativa» nas bolsas para estudantes que escolhessem universidades e politécnicos do interior, mas lamenta que «ainda não se tenham concretizado» este ano letivo, tal como os cursos técnicos superiores profissionais. O ministério liderado por Nuno Crato anunciou na semana passada que o ensino superior vai sofrer um corte abaixo dos 1,5 por cento no Orçamento do Estado (OE) para 2015, que contempla um aumento para bolsas. «Na definição do Orçamento para 2015, o Ministério da Educação e Ciência teve a preocupação de manter o nível de atividade dos Serviços de Ação Social e de definir um aumento do montante disponível para bolsas em 2014/2015, em 2 por cento», adiantou a tutela em comunicado. Segundo o “Diário Económico”, em 2015, o ensino superior vai sofrer um corte de cerca de 14 milhões de euros. O valor transferido do OE será de 950 milhões de euros, dos quais cerca de 700 milhões de euros serão destinados às universidades e os restantes 250 milhões aos politécnicos. O INTERIOR também quis saber o impacto que esta medida vai ter na UBI, mas a reitoria não respondeu até à hora do fecho desta edição.

IPG propõe três cursos técnicos superiores profissionais

O IPG candidatou três cursos técnicos superiores profissionais, a nova área formativa que vai substituir os Cursos de Especialização Tecnológica (CET). São eles os cursos de técnico de Infraestruturas de Redes, “Cloud” e Data Center; de Testes de Software e de Cadastro Predial. Os dois primeiros resultam de «uma parceria direta» com a PT e a Altran, que vão participar na formação dos futuros profissionais especializados naquelas áreas em crescimento no nosso país aos quais providenciarão ainda estágios no final da formação. O terceiro é «uma antecipação à entrada em vigor da lei que vai definir o acesso a esta profissão», refere Constantino Rei. Com parecer favorável do IEFP, os três cursos aguardam aprovação na Direção-Geral do Ensino Superior e a expetativa do presidente do IPG é que tenham “luz verde” ainda neste ano letivo. «Se assim for, tentaremos motivar os candidatos aos CET nas áreas similares a transferirem-se para os novos cursos», declara o responsável.

Luis Martins «Este ano vamos esgotar o saldo positivo de cerca de um milhão de euros transitado do ano anterior e teremos um défice», afirma Constantino Rei

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