Desta vez, o Pai Natal foi muito generoso com a Sociedade PolisGuarda que viu, finalmente, desbloqueadas as verbas que faltavam para pagar aos empreiteiros, fornecedores e empresas de prestação de serviços. «Ainda não é a quantia total, mas já é um passo muito importante», admite o director executivo do PolisGuarda. António Saraiva revela ainda que este atraso vai implicar o pagamento acrescido de cerca de 450 mil euros de juros aos visados porque estiveram «a financiar as obras Polis sem receber o que lhes era devido».
No entanto, os 3,5 milhões disponibilizados «já dão para pagar todas as facturas», respira de alívio o responsável, e permitem que «possamos solicitar aos empreiteiros que imponham outro ritmo às obras». Mas «ainda não é o montante total», ressalva o director executivo, pois só quando ficarem concluídas todas as obras «é que serão liquidadas todas as despesas, as quais ainda não estão facturadas». A “boa nova” vem dar outro ritmo e «rumo às obras» em execução, mas que têm estado a meio-gás à espera destas verbas, caso da requalificação da Praça Velha e zona envolvente, onde falta apenas mobiliário e equipamento urbano, como a iluminação, árvores e a colocação do separador metálico ao longo do via ascendente entre o final da Rua 31 de Janeiro e a escadaria da Sé. «Graças a esta verba, estes pormenores ficarão concluídos no princípio do ano », avança António Saraiva. Também em fase de conclusão estão os trabalhos de pavimentação das ruas da Paz e Francisco de Passos até à zona do Torreão. Mais distante do centro está o Parque Urbano do Rio Diz, que também tem andado “a passo de caracol” porque o consórcio construtor não podia aguentar mais as despesas sem receber qualquer verba há mais de um ano.
Ironicamente, agora também não vai ser possível dar andamento à empreitada por causa das condições climatéricas, que «não permitem determinadas intervenções naquela zona, como a plantação de árvores ou as sementeiras, o que só acontecerá em meados de Março», revela. Assim, se tudo correr bem, em Abril estará tudo concluído, até o próprio PolisGuarda. Contudo, para trás fica um terço do programa por concretizar. Uma das obras mais visíveis actualmente é o Parque Infantil que está a ser construído no Parque Urbano do Rio Diz. A primeira fase, que apesar de todos os contratempos vai ficar concluída, engloba uma área de 18 hectares. Sob o tema “O Pópis no espaço” aquela infraestrutura estará pronta no próximo ano, com equipamentos alusivos à exploração espacial, que começa com o treino dos astronautas até ao desenvolvimento nas próprias estações espaciais. Um lugar que apela ao imaginário dos mais pequenos, com uma fonte interactiva situada no centro do parque que representa o sistema solar. A obra irá dispor ainda de uma ludoteca, com biblioteca e ateliers, um salão para festas ou actividades e um bar. A empreitada está orçada em cerca de dois milhões de euros. Ali existirá ainda o Jardim dos Ambientes, onde, em cerca de 20 quadrados, serão plantadas espécies de plantas e árvores de uma forma diferente.
Por causa das restrições financeiras impostas em 2004, em todos os Polis da região Centro, muito fica por fazer na Guarda, nomeadamente, a segunda fase do Parque Urbano do Rio Diz. A qual inclui o Museu da Água, um Centro de Interpretação da História de Portugal, um Centro de Artesanato, um Museu dos Têxteis e um Jardim da Ciência, da responsabilidade da autarquia. Para trás ficaram outros projectos, como o restaurante panorâmico projectado para o local do antigo quartel dos bombeiros. Ainda chegou a ser lançado um concurso público, mas não apareceram interessados.
Museu da Água era um projecto-âncora
No entanto, o director executivo do Polis ainda tem esperança, que pelo menos a segunda fase do Parque Urbano seja concluída. «Quer seja, pela autarquia ou por outra entidade, só não será pela Sociedade Polis», lamenta o responsável, que confia na vontade do Ministro do Ambiente em concluir as intervenções lançadas. Para o director executivo o projecto mais importante que fica por fazer é o Museu da Água. «Esse equipamento seria fundamental e uma grande atracção para a zona», realça António Saraiva. Caso fosse avante, a infraestrutura iria ser uma verdadeira revolução na imagem do museu tradicional. Previa-se que o equipamento surgisse próximo da via de acesso à cidade e à A25, junto a um espelho de água formado por um pequeno dique na junção do Rio Diz e de um afluente. O projecto arrojado e surpreendente é de autoria do arquitecto Alexandre Burmester, que idealizou uma estrutura com 250 metros de desenvolvimento linear, ao longo do qual o visitante era chamado a fazer um percurso relacionado com o parque e o ciclo da água. Ao fim de seis anos, é certo que houve alguns bloqueios e corte de verbas, mas são poucas as obras concluídas pelo Programa Operacional do Ambiente, destacando-se apenas a reabilitação e valorização da Avenida da Estação, a construção do novo quartel dos bombeiros, a construção do espaço de animação semi-coberto, o bloco habitacional para realojamento da intervenção Polis, a requalificação paisagística da Encosta Norte, a iluminação cénica da cidadela e o parque infantil.
Patrícia Correia