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Polémica continua na Quinta do Freixo

Loteamento de 575 fogos em RAN vai voltar a ser discutido amanhã na Assembleia Municipal

A polémica à volta das obras da urbanização da Quinta do Freixo continua a dominar a actualidade na Covilhã. Pelo menos, foi o assunto que mais sobressaiu na primeira reunião pública do novo executivo camarário, com os dois vereadores eleitos pelo PS a pedirem esclarecimentos à maioria laranja sobre as razões que levaram a Câmara a embargar os trabalhos que a própria licenciou em Abril último.

Sobre o assunto, Carlos Pinto afirmou apenas que se «verificaram trabalhos a mais» do que a prevista movimentação de terras. Resposta que não satisfez a oposição, pelo que a bancada do PS deverá voltar à carga na Assembleia Municipal de amanhã para obter mais esclarecimentos sobre o caso, entre os quais o pedido de suspensão do PDM próximo do Terlamonte (Teixoso), na zona industrial do Tortosendo e na área entre a Faculdade de Ciências da Saúde e a Quinta do Freixo. Assunto que deverá também ser interpelado pela bancada da CDU e do BE. Aos jornalistas, Carlos Pinto também não especificou os motivos do embargo a um empreendimento de 575 fogos das Construções Lourenço num terreno de 10 hectares. Uma construção alegadamente ilegal, pois o terreno engloba duas parcelas da Reserva Agrícola Nacional (RAN), enquanto o PDM não permite qualquer urbanização no local, para além de nem haver planos de pormenor que ratifiquem a obra. Situação que o autarca refuta, até porque já foi pedida a suspensão do PDM para aquele local – e para outros dois (zona do Terlamonte e parque industrial do Tortosendo) – por serem investimentos que se encontram especificados no plano de urbanização da Grande Covilhã.

Um documento que ainda não foi aprovado, o mesmo acontecendo como o plano de pormenor para a zona de expansão da cidade. «Não estão aprovados por causa da burocracia existente», responde Carlos Pinto, acrescentando que os mesmos já estão prontos há vários meses. «Não é só aquela obra que está ilegal. A Faculdade de Ciências da Saúde, a rotunda ao pé do hospital, o complexo desportivo, entre outras, estão ilegais, pois estão integradas no mesmo plano de urbanização», revela. «Acho estranho que impliquem apenas com um caso», constatou Carlos Pinto, para quem parece haver «implicações políticas» nas denúncias. A actuação da DRABI foi, de resto, muito contestada por Carlos Pinto. «É uma estrutura completamente às avessas na sua funcionalidade. Não cuida da produção agrícola numa zona em vias desertificação e preocupa-se com terras abandonadas onde se pretende produzir riqueza e aumento de expansão urbana», criticou, ironizando sobre a necessidade de se fazer uma «revisão urgente» dos critérios da REN e da RAN.

Já a suspensão de três parcelas do PDM que a Câmara pediu ficou a dever-se à necessidade de acelerar o processo, pois «não se pode esperar quarto anos pela revisão do PDM» para avançar com o investimento. «Se assim for, não haverá empregos nem investimento em solo industrial nos próximos quatro anos», avisou. Por isso, a Câmara diz estar disponível para viabilizar os projectos. «Era só o que faltava a Câmara estar dependente da burocracia existente», disse o autarca.

Liliana Correia

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