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Pois, Pois

SEM DESCULPA (I). Joaquim Valente foi a uma rádio local pedir desculpa aos guardenses. Motivo? A câmara não tem dinheiro para mandar cantar um ceguinho e muito menos ainda para pagar iluminações de Natal. Parece que ainda deve os anos de 2003 e 2004 à empresa que executou esse serviço nos últimos anos. Os bombeiros, por generosidade, deram luz à Rua do Comércio. Deus lhes pague, porque da Câmara, está visto, não vale a pena esperar nada. Isto é revelador da situação dramática das contas da autarquia, que é má pagadora e, ao ser assim, além do mau exemplo que dá aos munícipes, prejudica gravemente a economia local ao diferir desta maneira os recebimentos das empresas.

No entanto, lembro-me perfeitamente de Joaquim Valente desvalorizar durante a campanha eleitoral a situação financeira da câmara. Recusou sempre a necessidade de fazer uma auditoria para apurar a situação exacta das contas. Por um lado, dizia o então candidato, as contas eram públicas – falava-se na altura em cerca de 40 milhões de Euros de passivo dos quais mais de metade eram dívidas de curto prazo – e, por outro, acreditava que o problema se resolveria facilmente. Bastava para isso arranjar projectos e o dinheiro logo viria a correr e saltar para os cofres da câmara. Contava com certeza com a famigerada “magistratura de influência” (uma expressão vazia inventada há uns anos por Mário Soares), que é como quem diz com as cunhas ao seu amigo Zé Sócrates – pelo menos, foi assim que toda a gente entendeu.

Está enganado. A coisa só tem tendência para piorar. A câmara meteu-se em projectos sem acautelar os seus financiamentos futuros. Exemplos? Dou dois. A Câmara da Guarda, além de ter investido uns largos milhões de euros na feitura do TMG, só garantiu financiamentos do Ministério da Cultura para a manutenção e programação de espectáculos por um ano. Como é bom de ver, isto foi uma enorme irresponsabilidade. Quando acabar este prazo, quem é que vai continuar a pagar os espectáculos de qualidade e as mais de quatro de dezenas de funcionários entretanto contratados? Pelos vistos, ninguém se preocupou muito com o assunto. Outro exemplo. Quando terminarem as obras Polis no parque do rio Diz, se é que algum dia vão terminar, donde virá o dinheiro para a sua manutenção? – e estamos a falar de uns largos milhares de euros. Infelizmente, a lista de irresponsabilidades do poder local deve ser bastante mais longa.

O senhor Presidente da Câmara em vez de andar por aí a pedir desculpas sempre que descobre mais um buraco financeiro – até porque provavelmente não faria outra coisa –, trate é de mandar fazer a tal auditoria e torne-a pública para sua própria defesa. Se não o fizer, daqui a quatro anos ninguém vai querer saber das suas desculpas.

SEM DESCULPA (II). Sábado à noite. Praça Velha. Do alto do seu pedestal o D. Sancho só vê – pouco, diga-se de passagem, porque está escuro – carros. O pobre do rei deve pensar que tornaram a enfiá-lo num parque de estacionamento. Coitado, deve pensar que se trata de algum castigo. De nada serviram a indignação e a revolta manifestadas por Joaquim Valente. Os carros estão de volta. Em força. De quem é a culpa? Dos automobilistas? Não. Essa é a explicação mais fácil. A culpa é de quem avançou com as obras sem se preocupar em arranjar atempadamente estacionamento alternativo. A isto chama-se falta de planeamento. Nada de novo, portanto. Entretanto, e se bem me lembro, prometeram que em Janeiro do ano passado estariam a arrancar as obras para dois parques, um no jardim José de Lemos e outro ao pé da Escola de Santa Clara. Até agora, ainda não se viu nada. Coitado do D. Sancho…

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