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Pois, Pois

A HORA DOS ENGENHEIROS (1). Sócrates é o terceiro engenheiro a chegar a primeiro-ministro em Portugal no pós-25 de Abril. Nobre da Costa foi o primeiro, salvo erro, em 1978, num governo de iniciativa presidencial. Durou pouco a experiência. O anterior, como é sabido, foi António Guterres. Durou seis anos e acabou mal. Sócrates, para já, vive em estado de graça. A comunicação social tem elogiado a sua discrição. Eu, por mim, continuo sem perceber o real significado dos seus silêncios. Será que simplesmente o homem não sabe muito bem o que é que há-de fazer?

A HORA DOS ENGENHEIROS (2). O engenheiro Valente foi oficialmente apresentado como o candidato do PS às próximas eleições autárquicas na Guarda. Finalmente, houve um módico de bom senso nas cabeças socialistas. A sua amizade com Sócrates parece ter impressionado os indígenas. Eu compreendo o argumento. Valente pode falar directamente para o telemóvel de Sócrates, passando por cima das burocracias, e, claro, em nome de uma velha amizade, pedir coisas para o nosso pobre concelho. A Guarda teria finalmente um lobby de peso e logo junto do nosso primeiro. Uma maravilha. Infelizmente, as coisas não são assim tão simples. De que é que serviu a Santana Lopes (e, já agora, aos portugueses) a sua suposta amizade com o presidente da Comissão Europeia? Nada. O que nos deve sobretudo interessar são as qualidades pessoais do candidato. Não o conheço bem. Falei com o senhor, salvo erro, duas vezes. Pareceu-me uma pessoa extremamente educada. Séria. Inteligente. Preparada. E com vontade de fazer coisas pela Guarda. Isso é bom. Mas não chega. Para já, agrada-me (a ser verdade) que impôs como condição ser ele a escolher a sua equipa. Espero que faça uma verdadeira limpeza e renovação. Aguardo pelas suas propostas. Espero que não caia no erro (o que seria um mau sinal) de prometer muitas coisas. É melhor concentrar-se em duas ou três prioridades. Exemplos. Criar emprego, fazendo avançar a Plataforma e revitalizando o parque industrial; criar um verdadeiro sistema de planeamento urbano de modo a inverter a crescente descaracterização da cidade; devolver a cidade às pessoas, aumentando os espaços pedonais e criando equipamentos numa série de bairros. Basta isto para ficar na história local. Quando se quer fazer tudo, acaba-se por não fazer nada.

A HORA DOS ENGENHEIROS (3). O PSD, para não fugir à moda, também tem candidatos a candidato engenheiros. Isto, claro, partindo do princípio (duvidoso) que Ana Manso terá o discernimento suficiente para não cometer a loucura de se candidatar. São dois. Crespo de Carvalho e José Gomes. O primeiro tem pelo menos dois apoiantes de vulto: Albino Bárbara e Alves Ambrósio (ver O Interior da última semana). Que nos diz Ambrósio? Tão somente isto: “Sabedor que não brinca em serviço, generoso, valente, polido, irónico, determinado, é perfeitamente claro, repito, que, na Guarda, ninguém pode ombrear com ele para tal cargo.” Acredito que sim. Mas há um pequeno problema. Este homem “valente”, “polido”, etc. não chega às pessoas – um defeito fatal para um político. Quanto ao José Gomes, conheço-o razoavelmente. É, antes de mais, um fazedor. Um grande dinamizador de equipas. E tem a tal qualidade essencial: chega às pessoas e conhece como ninguém o concelho, podendo inclusive obter um bom resultado nas aldeias – habitual ponto fraco do PSD. De maneira que o ideal seria o José Gomes como número um e O Crespo de Carvalho como número dois. Provavelmente, fariam uma excelente dupla.

Por: José Carlos Alexandre

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