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Plenário da FIPER não trouxe «nada de novo»

Trabalhadores e Sindicato Têxtil da Beira Baixa vão continuar à espera de novos desenvolvimentos

«Nada de novo». É com esta expressão que Luís Garra, dirigente do Sindicato Têxtil da Beira Baixa (STBB), mostra a sua preocupação para com o futuro dos cerca de 90 trabalhadores da FIPER – Fiação de S. Pedro, no Teixoso (Covilhã), que reuniram em plenário na última segunda-feira e do qual não surgiu nenhuma boa nova.

A situação precária da empresa foi conhecida no início do mês, altura em que os funcionários encontraram as portas fechadas após o regresso de férias. A falta de encomendas que a fábrica estava a sofrer nos últimos meses levou-a até a recorrer a um processo de insolvência junto do Tribunal da Covilhã há quase dois meses. Depois foi a vez dos administradores renunciarem aos cargos, há duas semanas, deixando a administração da empresa a cargo de um gestor judicial que acabou por dispensar os trabalhadores de comparecerem no local de trabalho por não haver encomendas. Dispensa essa que deverá manter-se até à assembleia de credores marcada para 24 de Outubro, na qual se vai discutir o futuro da FIPER e de onde se esperam soluções.

Quanto ao plenário de trabalhadores, Luís Garra lamenta que não tenha sortido qualquer efeito. «Está tudo na mesma e por isso não há nada a acrescentar», refere o sindicalista a “O Interior”, afirmando que vai aguardar por novos desenvolvimentos. Todavia, caso não surja nenhuma proposta no próximo mês, a empresa «pode mesmo fechar», teme Garra. É que apesar de não haver para já salários em atraso, isso poderá surgir muito em breve, pois a FIPER não está a produzir e os trabalhadores continuam a ser seus funcionários, porque não foram despedidos. De resto, do plenário esperava-se que os administradores apresentassem uma proposta de recuperação, pois além daquela fiação estar tecnologicamente «bem apetrechada», não possui dívidas de relevo que possam decretar a falência. Mas, os responsáveis ainda nem sequer deram qualquer explicação aos operários, o que Luís Garra recrimina, considerando uma atitude «incompreensível e condenável». Para o sindicalista, eles deveriam ter explicado aos trabalhadores os problemas da fábrica, mas na maior parte destes casos isso raramente acontece.

Depois de várias insistências, “O Interior” conseguiu obter um comentário, breve, de José Robalo, sócio-gerente da FIPER e presidente da Associação Nacional dos Industriais de Lanifícios (ANIL). Relativamente ao plenário, este responsável disse apenas que «não faço ideia como decorreu», até porque «nem tenho estado na Covilhã». Já em relação à situação da fábrica que geriu até há pouco tempo, Robalo continuou parco nas palavras, explicando somente que «já não sou administrador e por isso já não devo nem quero comentar». Recorde-se que os trabalhadores e o STBB foram surpreendidos em Agosto com os avisos do pedido de insolvência, numa altura em que estavam todos de férias.

Rita Lopes

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