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Planificação/Programação e Concretização

Crónica Política

É consabido que a gestão de uma empresa ou instituição deve ter uma estratégia planeada e definida e aos órgãos executivos exige-se capacidade para agir na concretização dos objectivos e projectos definidos.

Os executivos municipais a quem, nas últimas décadas, na Guarda, foi confiado o poder/dever de executar a estratégia planificada têm demonstrado inoperância e incapacidade de gerir uma cidade e um concelho de forma estruturante.

Vejamos o exemplo da construção da VICEG (Via de Cintura Externa da Guarda).

Com a preparação e elaboração do Plano Estratégico da Guarda ( que mais do que revisto deveria ser executado e cumprido), foi assumido que a construção da VICEG se deparava uma via estruturante para a mobilidade e desenvolvimento da cidade. Volvidas duas décadas, assistimos a meia VICEG, continuando a deparar-nos com dificuldades de circulação rodoviária, e com problemas próprios de grandes centros, quando, na Guarda, deveríamos ter fluidez de trânsito e diferente qualidade de vida.

Impõe-se explicar às pessoas porque é que o anel do IPG e a Alameda da Ti Joaquina não tiveram concretização, apesar de planeadas e projectadas e, certamente, candidatadas a programas de investimentos. Citando um Jornal local (Terras da Beira de 31/10/1996) “A primeira etapa da Viceg deverá ser construída em 20 meses e começará a libertar o grande afluxo de trânsito que, por falta de alternativas, cruza actualmente o centro da cidade da Guarda. As obras visam, entre outras, a construção do lanço Catraia, Nossa Senhora dos Remédios, construção de nós em Catraia, Lameirinhas, Torrão, Alfarazes e Nossa Senhora dos Remédios. Serão ainda construídos caminhos paralelos e será ainda instalada a rede de águas e esgotos, bem como outras infra-estruturas. Haverá ainda mais duas fases de construção, uma delas a cargo da Junta Autónoma de Estradas. Esta obra, que no seu todo formará um anel de 14 quilómetros em torno da Guarda, fará ligações aos itinerários principais nº 2 e 5.” Continuamos a aguardar!

Só numa visão terceiro-mundista pode suceder que, na última campanha autárquica tenham circulado máquinas e depositado terras (provenientes das obras do Hospital) dando a aparência de as obras estarem em curso e, depois, passado mais um ano, nada tenha acontecido, continuando sem esta ligação rodoviária!

Em plena campanha autárquica, a expensas do município, foi colocado um grande cartaz de requalificação urbana, por exemplo, na zona das Lameirinhas, anunciado obras comparticipadas (num espaço programado, para jardim e lazer, há vários anos, e no qual nada foi feito) e passado um ano, nada aconteceu!

Atendendo ao escaldante momento, acerca do Hotel Turismo, deixo as seguintes notas telegráficas:

– O Hotel Turismo é um exemplo da ruinosa gestão autárquica. Um equipamento desta natureza, em mãos de privados, terá necessariamente de gerar lucros. Mesmo na anterior situação monopolista, o Hotel Turismo, foi sempre um verdadeiro cancro nas finanças autárquicas.

– Várias soluções têm sido ensaiadas e nenhuma viu concretização. Importa esclarecer se a opção estratégica é manter este equipamento através de investimento público, seja da Administração Municipal seja da Central Indirecta do Estado. Os munícipes da Guarda têm o direito a estas informações, de forma clara e transparente.

– Havendo notícias de interessados em adquirir e gerir tal equipamento (como sempre parece ter havido) porque razão o executivo, não lança um concurso público – claro e transparente – evitando suspeições e testando os agentes económicos?

– Que necessidade existe e por que razão o executivo, em todos os projectos que anuncia permite interpretações de arranjismos, quando se lançasse concursos públicos, evitava suspeições?! (foi o que sucedeu com os valores atribuídos a cada m2 na central de camionagem) e é o que parece estar a suceder com o dossier Hotel Turismo para ao qual a solução, através dos amigos de Sócrates (entre a Câmara da Guarda e o Instituto de Turismo) pode até ser a melhor possível. No entanto, é necessário que clara e transparentemente fique demonstrada. Da forma como é apresentada dá a sensação de secretismo palaciano (deitando fora possíveis soluções mais vantajosas) e, em relação aos bens públicos, o segredo não pode ser a alma do negócio!

Por: Manuel Rodrigues

* presidente da concelhia da Guarda do PSD

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