Arquivo

PJ põe fim a cativeiro de pastor

Proprietário agrícola da zona de Sernancelhe é acusado de escravizar vítima durante mais de 10 anos

A Polícia Judiciária (PJ) da Guarda deteve, na semana passada, um proprietário agrícola da zona de Sernancelhe pela alegada prática dos crimes de escravidão e sequestro «durante vários anos».

O suspeito é acusado de «explorar» a força de trabalho de um pastor, de 58 anos, «mantendo-o permanentemente sob ameaça em condições humanamente degradantes, numa propriedade sua, sem lhe pagar qualquer salário ou recompensa», adianta o Departamento de Investigação Criminal (DIC) da Guarda em comunicado. A vítima conseguiu fugir da quinta há cerca de dois meses e, actualmente, guardava gado numa propriedade agrícola de Fuinhas, no concelho de Fornos de Algodres. No entanto, no passado fim-de-semana, o arguido descobriu o seu paradeiro e foi buscá-lo à força com a ajuda de outro indivíduo. Segundo a Judiciária, o pastor, natural de Cortiçô, também em Fornos de Algodres, foi «obrigado, contra a sua vontade e com recurso a violência física, a entrar para um carro e a regressar à propriedade do arguido».

Aí foi encontrado por inspectores da PJ no início da semana passada após o novo patrão ter comunicado o seu desaparecimento na GNR de Fornos. Citado pelo “Jornal de Notícias”, o pastor Luís Marques, que não sabe ler nem escrever, disse que era frequentemente agredido na quinta de Sernancelhe: «Chegaram a cortar-me um dedo com uma forquilha e partiram-me a cabeça três vezes. Era um boneco nas mãos daquela gente», contou, acrescentando que o antigo patrão também lhe ficada com a reforma. «Dava-me um maço de cigarros de vez em quando», referiu ao diário. O detido foi presente a tribunal para primeiro interrogatório judicial, tendo ficado obrigado a apresentações periódicas no posto da GNR de Sernancelhe até à data do julgamento.

Sobre o autor

Leave a Reply