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PJ desmantela rede de trabalho escravo para Espanha

Alguns dos arguidos foram detidos na Mêda na última segunda-feira

O Tribunal de Instrução Criminal do Porto continuava, à hora do fecho desta edição, a ouvir os 23 suspeitos de recrutarem portugueses para trabalho escravo em Espanha. A audição dos arguidos estava prevista para a manhã de terça-feira, mas só começou a meio da tarde. O desmantelamento desta alegada rede foi efectuado no âmbito da operação “Liberdade”, realizada na véspera pela Directoria do Porto da PJ, e permitiu a detenção de 23 indivíduos pertencentes a diversos clãs ciganos radicados na Mêda, Torre de Moncorvo, Alfândega da Fé, Murça, Chaves, Mirandela (todas no distrito de Bragança) e Ílhavo (distrito de Aveiro).

Segundo a PJ, «os suspeitos recrutavam em Portugal pessoas desempregadas, algumas da quais com reconhecida debilidade mental, para trabalharem em propriedades agrícolas espanholas sem qualquer remuneração». Na mesma operação foram apreendidas 12 armas de vários calibres, entre as quais uma caçadeira semi-automática, vulgo “shot-gun”. Todos os detidos, homens e mulheres, são de nacionalidade portuguesa, mas residiam grande parte do ano em Espanha, sendo suspeitos dos crimes de «escravidão, sequestro, branqueamento de capitais e associação criminosa». Num comunicado emitido na segunda-feira, a Polícia Judiciária referia que os suspeitos de envolvimento neste caso eram 22, mas no dia seguinte revelou ter encontrado um 23.º suspeito. Fonte policial acrescentou que os trabalhadores angariados por esta rede trabalhavam em vinhas de La Rioja, região espanhola contígua ao País Basco.

Rui Jorge Cruz, advogado de 17 dos 23 arguidos, afirmou que os dados em seu poder apontavam para a inocência dos seus clientes, mas recusou entrar em detalhes, alegando segredo de justiça. As investigações duravam há cerca de dois anos, tendo surgido nos últimos tempos inúmeras queixas de desaparecimento de familiares. Recorde-se que a 19 de Janeiro, dois homens tinha sido raptados de uma quinta agrícola em Sampaio (Vila Flor) por dois elementos de etnia cigana. O objectivo era levá-los para Espanha, mas as autoridades conseguiram resgatá-los perto da fronteira de Figueira de Castelo Rodrigo.

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