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Piscinas do Sabugal a custo zero para o Estado

Município suporta investimento por falta de disponibilidade financeira da Secretaria de Estado do Desporto

A Câmara do Sabugal poderá ser obrigada a suportar sozinha a construção do complexo de piscinas cobertas e gimnodesportivo, orçado em mais de 2,7 milhões de euros, por falta de disponibilidade financeira da Secretaria de Estado do Desporto. É o reverso da medalha do Euro 2004, já que apesar do contrato-programa de apoio celebrado em 2000, o equipamento, pronto em Dezembro próximo, ficou sem financiamento estatal devido à construção dos dez novos estádios. Entretanto, o município já desembolsou 1,86 milhões de euros e desespera por uma comparticipação no montante «máximo possível» em 2004 para evitar problemas de tesouraria na autarquia, avisa o edil António Morgado.

Uma situação que já é do conhecimento da tutela, após a recente visita de um elemento do gabinete do secretário de Estado do Desporto ao empreendimento. «Sabemos que estão a estudar a forma de resolver o problema em 2004, mas ainda não temos garantias nenhumas», lamenta o autarca, para quem o interior está «mais uma vez» a ser penalizado. «A obra não é uma miragem, está quase concluída. Mas o Governo, este e o anterior, falhou os seus compromissos e nunca nos alertou para as dificuldades em termos de comparticipação», refere Morgado, criticando a opção «irreal» dos dez novos estádios para o Europeu de futebol que vai comprometer «todo e qualquer equipamento desportivo» no resto do país nos próximos anos. No Sabugal já não é o caso, porque as piscinas cobertas e o gimnodesportivo ficarão prontos a estrear em 2004, mas com grandes «sacrifícios» da tesouraria municipal de onde saíram todos os pagamentos efectuados até agora ao empreiteiro. «Nunca falhámos, mas isso pode acontecer no próximo mês, quando nos entregarem a obra, porque neste momento já não temos possibilidades de pagar», avisa o presidente, que não descarta a hipótese dos sabugalenses serem «radicais» e saírem à rua para exigir o que lhes foi prometido. «Esquecem-se que a Cerdeira do Côa, onde passa a linha da Beira Alta, é do concelho», lembra.

Um último recurso a que o presidente não quer recorrer, esperando ver desbloqueadas as soluções previstas no III QCA, que suporta 75 por cento dos projectos, ou na componente nacional, que apoia em 50 por cento. «O Estado não pode fugir às suas responsabilidades neste empreendimento e deve apoiar-nos, porque não pode ser sempre o interior a sair penalizado. A qualidade de vida também há-de ter o seu período de valorização e valoração», espera. De resto, o projecto, construído junto à secundária do Sabugal, é tido como um exemplo de poupança de recursos, já que a autarquia optou por integrar os dois equipamentos numa só estrutura para «gastar o mínimo possível com o máximo de funcionalidade», garante o autarca, sublinhando que esta solução vai permitir uma economia de despesas correntes e de investimento. «A única crítica que tem sido feita é o facto de as piscinas não terem bancadas, uma opção prevista para o futuro com uma estrutura amovível», promete António Morgado, que recorda que o município não dispõe de nenhum destes equipamentos. «É mesmo uma necessidade premente, pois há pessoas que se deslocam propositadamente às piscinas da Guarda», revela. O complexo é composto por duas piscinas cobertas e aquecidas para adultos e crianças, uma sala de musculação e um gimnodesportivo com bancadas para cerca de uma centena de espectadores, estando ainda reservada nas imediações uma área para a construção de uma futura escola do 1.º ciclo, «caso seja necessário».

Luis Martins

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