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Pigmentos & corantes (I)

Mitocôndrias e Quasares

Durante dezenas de anos na região da Serra Estrela proliferaram muitas indústrias têxteis, as quais se revelaram uma fonte de emprego bastante importante na Beira Interior. Uma das áreas importantes, onde a ciência estava presente, era na coloração das peças têxteis. Apesar de ser uma técnica ancestral, a coloração é uma prática que envolve conceitos químicos e de luz avançados.

Um raio de luz branca é uma mistura de raios de luz de cores diferentes. Por isso contém todas as cores do arco-íris. A luz é uma onda eletromagnética que apresenta diferentes comprimentos de onda, cada um com uma cor distinta. Dentro do espectro visível, o comprimento de onda máximo, cerca de 780 nanómetro (7,80×10-7m), corresponde à luz vermelha e o mínimo, cerca de 400 nm, corresponde à luz violeta.

Se um raio de luz branca incidir sobre um corpo que reflita todas as cores de igual forma, este aparece-nos branco ou, então, se a reflexão é mais fraca, cinzento a negro. Pelo contrário, se o corpo absorve parte da luz branca, apenas refletirá as cores não absorvidas e aparecerá com determinada cor. Assim, a cor de um corpo é consequência da absorção de determinados comprimentos de onda da luz.

Pigmentos

Os pigmentos são substâncias coloridas, naturais ou sintéticas, finamente divididas. Misturadas com outra substância que lhes sirva de base ou suporte, empregam-se especialmente em pinturas. É preciso distinguir os pigmentos dos corantes que se empregam, sobretudo, na coloração de fibras têxteis. Vamos olhar para duas cores: o azul e o branco.

Em épocas pré-históricas utiliza-se para a cor branca, cal viva obtida da calcite recozida, tratando-se, do ponto de vista químico, de óxido de cálcio. Durante muito tempo, um pigmento muito importante foi o branco de chumbo, um carbonato básico de chumbo. Já um produto do nosso tempo é o branco de titânio que é, atualmente, o pigmento mais utilizado, em especial para marcar de forma clara e visível as faixas de rodagem em ruas, parques de estacionamento ou aeroportos. Nestas marcações utiliza-se o dióxido de titânio combinado com partículas de pó de vidro, com diâmetro de aproximadamente 0, 1 mm, para promover a reflexão da luz dos faróis dos carros.

Já o pigmento azul foi a cor mais cara até ao início do século XVIII. A única fonte praticamente disponível para os pigmentos azuis era uma pedra semipreciosa, o lápis-lázuli que, depois de um complicado processo de elaboração, dava o azul-ultramarino. Os melhores tipos de lápis-lázuli eram tão valiosos quanto o ouro. Por isso, não admira que os primeiros químicos concentrassem os seus esforços na produção de pigmentos de cor azul.

O passo decisivo na obtenção do ultramarino artificial deu-se em 1806, quando químicos franceses realizaram uma análise qualitativa de um ultramarino natural de grande qualidade e chegaram à conclusão quanto à fórmula química do corante. Na próxima edição deste espaço, vamos olhar para os corantes têxteis de origem vegetal e animal e os corantes sintéticos.

Por: António Costa

Pigmentos & corantes (I)

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