Escrevo esta crónica com um enorme elogio à independência e à capacidade de inclusão deste projeto que é o “Campeão das Províncias”.
Obrigado por me permitirem dizer aquilo que penso numa cidade onde o silencio é mais bem visto, onde a mediocridade é consenso e permitiu que muitos chegassem alto, para que outros sem incómodo, comessem juntos.
Pidgin é uma língua medíocre que criámos na Europa continental para podermos falar em conjunto. Pidgin é aquilo que aprendido na escola do inglês, acrescentado nas ruas, entre bons amigos de várias nações fomos construindo como a língua que une o Mundo moderno. Não deixa de ser um consenso medíocre, mas neste caso arrastando agilidade. Falamos com chineses, com russos, indianos, nesta estrutura cheia de erros que é o Pidgin, mas que nos permite conversar e aparentemente dizer o que pensamos. Não sabemos se os verbos estão corretos, se os substantivos têm designação semelhante, o mesmo peso em significado e história, nem sabemos se na representação subjetiva mental valem o mesmo. Mas dizemos e corremos o risco. O Pidgin tem pouca escola e muito pouco acento linguístico. Mas os Pidgins do Continente europeu, falam um Pidgonómic que é seguramente a economia mais medíocre e menos acertada, com que a geração do Maio de 68 e seus admiradores nos está a sufocar. Carregados de direitos e de bons princípios esta gente obriga as empresas do Continente a certificações ambientais, cumprimento de segurança social, acordos de trabalho devidamente legislados, comprometimento com grávidas, doenças, e muitos mais direitos. O conceito pidgnómic está certo, uma vez que defende as pessoas e o ambiente e o Mundo em que queremos viver. O problema é que os homens de Bruxelas decidiram que podemos ter um mercado livre e aberto, concorrencial com quem não cumpre, quem não certifica com seriedade, quem despede grávidas, quem manda parturientes trabalhar, crianças produzir, mata rios e florestas. Mais tolerantes que os pidgnómic não há: compramos a todos sem olhar à democracia, ao direito. Compramos a criminosos, a corruptos a assassinos, a tipos da mais baixa legitimidade e deste modo destruímos o nosso tecido empresarial e o nosso mercado de trabalho. Também porque não podemos correr o risco das ofensas históricas, o chauvinismo, o fascismo, o racismo decidimos confundir defesa dos direitos com laxismo na negociação. Aceitamos que um país onde se lapidam mulheres, onde se cortam mãos, é parceiro comercial. Esta Europa de infinitude de direitos e de defesa das pessoas, das minorias, dos trabalhadores, do Estado Social está a sucumbir ao mercado aberto em que quer ser concorrencial. Claro que se um Pidgin quiser fazer uma prova de inglês com alguém de Oxford – perde! Claro que quem cumpre a lei, respeita as fronteiras e as regras de jogo, não pode fazer mano a mano com quem usa os pés, vai abaixo da cintura, despeja batota e ignomínia. A economia do continente, a sociedade global, está a matar a Europa e por isso David Cameron se coloca de fora. A força da exigência, do protecionismo, pode ajudar a economia deste Continente.
Por: Diogo Cabrita