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Pestana Pousadas pediu orçamento para 2004 à Pousada de Almeida

Almeidenses ainda estão cépticos quanto ao encerramento da estrutura, mas esperam a qualquer momento uma resolução da nova gerência da Enatur

O futuro da Pousada da Srª. das Neves, em Almeida, continua incerto. É esta a convicção dos intervenientes mais directos de uma estrutura que, pelo menos desde Junho último, está na iminência de encerrar as portas. A Enatur publicou na altura o anúncio relativo à venda do imóvel por causa do seu processo de privatização, levando a Empresa Nacional do Turismo a querer desfazer-se de todas as pousadas que não funcionassem em monumentos nacionais e históricos, como castelos ou conventos.

De facto, nem a informação dada na semana passada a “O Interior” pelo Gabinete de Comunicação e Relações Públicas da Grupo Pestana Pousadas de que a estrutura está inscrita no Plano de Redução «desde 2002» parece ter estancado as expectativas dos almeidenses quanto à possível viabilização da Srª. das Neves. Aristides Sampaio, presidente da Junta de Freguesia de Almeida, diz que continuam à espera de uma decisão da Pestana Pousadas, que desde o passado dia 1 assumiu a gestão das Pousadas de Portugal, ficando à frente dos destinos das 42 unidades hoteleiras existentes no país. «Disseram-nos que estão a estudar caso a caso e por isso estamos à espera que eles nos digam o que pensam fazer em relação a esta casa», explica o autarca, realçando que, por isso, foi adiado o pedido de audiência feito pela comissão local à nova administração da Enatur. É que «ainda estão a ver que tipo de gestão vão aplicar aqui», continua Sampaio, salientando, de resto, que o presidente da Câmara de Almeida já se pronunciou em relação a este caso junto do Ministério da Economia e da Secretaria de Estado do Turismo. Recorde-se que a notícia de que a estrutura poderia vir a ser alienada foi tema de debate numa Assembleia Municipal, onde foi apresentada uma moção e escolhida uma comissão para encetar contactos com o Governo e defender a continuidade da pousada.

Simultaneamente foi posto a circular um abaixo-assinado por todos os espaços comerciais do município contra o encerramento daquela estrutura. Um protesto que juntou mais de 300 assinaturas e que no final de Junho foi entregue aos ministérios que tutelam o sector, ao Presidente da República, grupos parlamentares e outras instâncias. «Recebemos a confirmação da recepção e alguns disseram que iam dar-lhe o melhor seguimento», conta Aristides Sampaio, acrescentando não saber «mais nada» desde essa altura. Dizendo-se esperançado, o autarca constata que quem colocou a pousada à venda foi «a anterior administração e não esta, por isso vamos ver o que querem fazer», aguarda. Sem «nenhuma» informação permanece também o próprio director da Pousada de Almeida. Rodrigo Ferreira revela que não tem conhecimento «de nada, porque julgo ainda não haver nada decidido», diz, continuando a aguardar instruções da Grupo Pestana Pousadas. Ainda assim, explica a “O Interior” que, mesmo perante toda esta «indefinição e silêncio», a nova administração já solicitou à direcção daquela infraestrutura «trabalhos para o novo ano», nomeadamente a elaboração do orçamento.

«Se é viável ou não, é que não sabemos», confessa Rodrigo Ferreira, desconhecendo o seu futuro e o da pousada. Considera, no entanto, que o facto de ter sido a anterior gerência da Enatur a decidir pela venda poderá abrir novas perspectivas para a Srª das Neves. «Se a pousada fechar não entendo porquê», refere, defendendo um redimensionamento do espaço e a criação de outras valias. «O negócio agora não é rentável, mas pode vir a ser com uma nova filosofia de trabalho», garante Ferreira, informando que, apesar de variável, a taxa de ocupação «é baixa» durante o ano. Todavia, considera que Almeida tem actualmente condições para permitir a utilização de outros espaços, aumentando o leque de ofertas da pousada e continuando a empregar os 20 funcionários, que desconhecem o seu futuro depois de Dezembro, altura em que terminam os contratos. Quanto ao aparecimento de propostas para compra da Srª das Neves, Rodrigo Ferreira diz não saber de nada, nem sequer se, afinal, querem vender ou se há interessados. «Vieram pessoas ver a pousada, mas não foi através da empresa», revela.

Rita Lopes

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