Arquivo

Pedido de Esclarecimento com Vénia

Li no Terras da Beira um texto, algo enigmático, intitulado “Matou-se”, da autoria de Madalena Ferreira. Insurgia-se contra o facto de haver jornalistas que escrevem discursos de políticos e concluía que se poderia dizer de quem o fizesse que, “coitado, matou-se” (cito de memória). Lido o texto mais atentamente, concluo que os políticos e os jornalistas visados são da Guarda. Uma releitura parece apontar mais especificamente para um autarca. Passados alguns dias é-me reencaminhado um link para o blogue do Américo Rodrigues (cafe-mondego.blogspot.com) em que este, num post intitulado “Imperativo Moral” revela que o jornalista em causa é o Rui Isidro, director da Rádio Altitude. A ligação entre o texto da Madalena Ferreira e a pessoa de Rui Isidro é feita através das circunstâncias recentes da morte do pai deste último, supostamente por suicídio. O raciocínio seria mais ou menos este: o título do texto da Madalena é “Matou-se” e refere-se a jornalistas; a expressão “matou-se” é equivalente a suicídio; se o Rui Isidro é jornalista e o pai dele se suicidou, então o texto só se pode referir ao Rui Isidro. A lógica é o que é e a dedução feita vale o que vale – sendo certo que a conclusão implica a adopção plena e incondicional de várias falácias.

Os comentários ao post de Américo Rodrigues, infelizmente anónimos, na sua esmagadora maioria, tratam sobretudo de verberar violentamente a Madalena Ferreira mas dão todos de barato que a pessoa visada é, efectivamente, Rui Isidro. Não se esclarece quem seria o autarca, ou político, visado, ou se seriam muitos em vez de um só, embora alguns comentários admitam a prática generalizada, também entre nós, de recurso aos chamados “spin doctors” e, em geral, desvalorizem o facto, a ser verdadeiro, de que o director da Rádio Altitude seja o autor dos discursos de políticos ou autarcas da Guarda. António Godinho, um dos poucos que se identificam na caixa de comentários, remete para o seu próprio (e excelente) blogue (bocadeincendio.blogspot.com) onde num post reflecte sobre o assunto. Revela-nos aí que o político visado é mesmo um autarca, e da Guarda, tratando-se do próprio presidente da Câmara. Parte daí para o exercício, assumidamente ambíguo, de, embora castigando a forma de actuação de Madalena Ferreira, admitir a pertinência das questões que ela levanta e recusar o seu linchamento público.

Antes de prosseguir, tenho de dizer que lamento toda esta história e de a ela se ver associada, com ou sem propósito, uma terrível tragédia pessoal.

Acontece que não teria escrito sobre o assunto se não me andassem a roer no espírito algumas questões. Peço por isso, aos principais visados, com a devida vénia, esclarecimentos sobre o seguinte:

É ou não verdade que o director da Rádio Altitude, Rui Isidro, escreveu discursos ao presidente da Câmara Municipal da Guarda, Joaquim Valente? A ser verdade, a Rádio Altitude divulgou esses discursos? Na íntegra? E o Rui Isidro, opinou sobre eles? E a ter opinado, foi a sua opinião favorável? E o trabalho do Rui Isidro, foi gratuito ou foi pago?

Por favor, digam-me que a resposta à primeira pergunta, a mãe de todas as outras, é “não”.

Por: António Ferreira

Sobre o autor

Leave a Reply