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PCP lança campanha nacional em defesa do sector têxtil

Acções estendem-se aos distritos de Castelo Branco e Guarda

O PCP vai lançar durante este mês e o próximo uma campanha em defesa do sector têxtil intitulada “Antes que seja tarde”, com o objectivo de alertar para a grave situação que esta área atravessa com a liberalização do mercado internacional de têxteis e de vestuário, em vigor desde Janeiro deste ano.

A campanha, a que se juntam as Direcções das Organizações Regionais da Guarda e de Castelo Branco do PCP, consistirá na edição de propaganda específica, na promoção de um abaixo-assinado junto da população, assim como a realização de iniciativas públicas dedicadas ao sector têxtil e de vestuário. Nestas, destacam-se a iniciativa nacional agendada para 7 de Maio em Guimarães e as actividades em parceria com os grupos parlamentares da Assembleia da República e do Parlamento Europeu, como visitas a empresas e reuniões com sindicatos e associações representativas do sector. «É essencial que o Governo tome medidas, sob pena de ficar para a história como o “coveiro” da indústria têxtil. O problema é grave e o Estado vai ter um papel fundamental», apontou Vladimiro Vale, da DOR de Castelo Branco do PCP, ao revelar que a iniciativa pretende levar o Executivo de Sócrates a exercer uma maior pressão junto da União Europeia para que seja accionada a cláusula de salvaguarda dos têxteis. «O Governo não pode ficar indiferente», alerta o comunista, visto tratar-se de um sector que emprega dezenas de milhares de trabalhadores e do qual depende a economia de várias regiões do país, nomeadamente a Beira Interior.

O sector têxtil é um dos mais afectados no distrito de Castelo Branco. Em 2002 e 2003, o total de falências e de processos de recuperação foi de 75 empresas, registando-se mais 12 falências em 2004. Este ano também começou mal para os seus trabalhadores, pois o início de Janeiro ficou marcado pelo encerramento de algumas empresas que atiram cerca de 10 mil trabalhadores para o desemprego no distrito, tendo-se perdido cerca de cinco mil postos de trabalho. Na Guarda, a situação é semelhante, registando-se casos igualmente graves, como os trabalhadores da Gartêxtil, que aguardam há três anos pela resolução do processo de falência, ou dos 97 funcionários da Bellino e Bellino (Gouveia), cujo processo corre os tribunais há cinco anos. Os trabalhadores da Vodrages, Moura Cabral, Alvalã, Jomabril, todas de Seia, e da Ranking, no Soito (Sabugal), são outras «vítimas da má gestão praticada por administrações incompetentes, que não souberam e não quiseram viabilizar as empresas preparando-as para o embate com concorrentes mais competitivos», aponta a DOR da Guarda do PCP. Em Manteigas, é a Sotave que atravessa um «perigoso período de instabilidade social». No sector do calçado, as preocupações viram-se para a Ara (Seia), Rhode (Pinhel) e nos Têxteis das Lamas (em Santa Marinha).

Liliana Correia

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