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PCP exorta populações a revoltarem-se contra fecho de serviços

Grupo parlamentar considera que medidas vão penalizar o interior

O Grupo Parlamentar do PCP interpelou o Governo, ontem, na Assembleia da República, sobre as dificuldades das populações no acesso aos serviços públicos e as consequências do encerramento de escolas, serviços de saúde, estações dos CTT e o fim dos transportes nas localidades do interior.

A intervenção baseou-se numa visita, na segunda-feira, a algumas freguesias rurais dos distritos da Guarda e Castelo Branco. Uma região que será extremamente «penalizada» se as medidas do Governo PS forem avante, acusou Bernardino Soares, líder parlamentar do PCP, após conhecer locais onde as estações de correios já não funcionam, com insuficientes transportes públicos e se prevê o encerramento de escolas do ensino básico e de Serviços de Atendimento Permanente (SAP) de Saúde. Medidas que, a seu ver, apenas contribuirão para «acentuar ainda mais as assimetrias» entre o litoral e o interior do país e contribuirão para a desertificação desta região. Por isso, o deputado apelou à manifestação popular, adiantando que o PCP estará «na linha da frente» da revolta contra a «maior ofensiva de sempre aos serviços públicos do interior».

Para os comunistas, as medidas que estão a ser anunciadas impedirão o desenvolvimento, citando o exemplo da freguesia do Baraçal (Celorico da Beira), onde a Junta colocou terrenos e casas a preços simbólicos para que os jovens ali se fixem.

«Um casal que olhe para uma freguesia com más acessibilidades e sem os serviços básicos vai pensar duas vezes antes de se instalar por lá», garante o parlamentar. O eventual encerramento de uma das três maternidades existentes na Beira Interior também não foi esquecido. Bernardino Soares considera «não haver motivos» para fechar qualquer dos serviços existentes. Já o critério dos 1.500 partos por ano não pode ser o único a ter em conta numa região «com uma grande densidade geográfica e difíceis acessibilidades». Na sua opinião, o Governo poderia garantir a segurança e a qualidade do serviço prestado à grávida e ao recém-nascido sem ter que encerrar as maternidades: «Bastava modernizar os blocos de parto e reforçá-los com mais recursos humanos», sugeriu, ironizando dizendo que «chamar racionalização ao anunciado encerramento de serviços públicos é um eufemismo».

Liliana Correia

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