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Pavimento que produz energia já começou a ser testado na Covilhã

Passeio e estrada em frente ao Hospital acolhem instalação-piloto da tecnologia desenvolvida por dois ex-alunos da UBI

Desde a última sexta-feira que uma parte da estrada e um dos passeios localizados em frente ao Hospital da Covilhã estão a produzir energia. As instalações piloto da tecnologia Waynergy, que converte a energia libertada pelo movimento de pessoas e veículos em eletricidade, entraram finalmente em funcionamento na Alameda Pêro da Covilhã. Esta é a primeira vez que o pavimento desenvolvido por dois ex-alunos da Universidade da Beira Interior está a ser testado na via pública.

Um dos sócios da Waydip, empresa onde a Waynergy foi desenvolvida, explicou que «tanto o sistema de veículos como o de pessoas foram implementados e validados», tendo sido abertos na passada sexta-feira ao público, de modo a fazer «os testes piloto em ambiente real». Francisco Duarte adiantou que os testes de ensaio vão ter uma duração «mínima» de três meses para «validar toda a componente de geração mas também de durabilidade do sistema». O engenheiro indicou que «dentro de um mês», a empresa conta apresentar os primeiros resultados práticos da experiência. Este sistema inovador é aplicado ao pavimento e permite gerar energia elétrica a partir do movimento de pessoas e veículos sobre a sua superfície. O sistema capta a energia cinética e transforma-a em energia elétrica, daí que deva ser aplicado em zonas de grande circulação de pessoas ou veículos, como centros comerciais, estações de transportes públicos ou até na própria estrada.

Os modelos Waynergy deverão produzir energia suficiente para iluminar o pavimento e dar energia aos semáforos que se encontram em frente ao Centro Hospitalar da Cova da Beira e «também será possível alimentar o painel publicitário» instalado no local e que permite dar a conhecer ao público a energia gerada, a poupança associada e o CO2 evitado. O projeto desenvolve-se em duas áreas. Sob a passadeira, a tecnologia “Waynergy Vehicles” vai captar e utilizar a energia produzida pela passagem e travagem dos veículos na iluminação dos semáforos ali existentes. Posteriormente, essa energia será injetada na rede. Já com o “Waynergy People”, instalado no passeio de acesso à passadeira, a energia criada pela passagem de pessoas vai alimentar um painel de alerta e segurança no local. Os valores gerados nesta experiência pioneira servirão para o município da Covilhã estudar a viabilidade de replicação noutros pontos da cidade e apurar o seu impacto na redução dos custos com a iluminação pública.

Este é o primeiro teste real do projeto que começou a ser desenvolvido em 2010, em parceria com a UBI. Francisco Duarte, de 29 anos, e Filipe Casimiro, de 27, mestres em Eletromecânica, apostaram no desenvolvimento de uma tecnologia que pudesse gerar energia, aproveitando a mobilidade das pessoas, sendo que no estrangeiro «já se tinham desenvolvido alguns mecanismos, mas não eram rentáveis» e a nível mundial «faltava tecnologia que permitisse gerar mais energia com um custo de produção muito inferior», constatou Francisco Duarte. O jovem reconheceu que a entrada em funcionamento da tecnologia, que recebeu vários prémios internacionais, tem um significado «especial e de grande emoção», porque representa o começo «de uma nova fase do trabalho desenvolvido ao longo dos últimos anos». De resto, esta é uma etapa «importante para validar tudo o que foi desenvolvido em laboratório e verificar eventuais falhas» antes de iniciarem a produção e comercialização.

Ricardo Cordeiro Empresa conta apresentar os primeiros resultados práticos da experiência dentro de um mês

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