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Partidos não abdicam da demissão da Administração

Maria do Carmo Borges é, porventura, a mais comedida nas reacções às medidas anunciadas por Fernando Andrade na passada segunda-feira. A presidente da Câmara da Guarda constata apenas que a solução poderia ter sido «efectivamente» tomada antes da maternidade ter sido fechada e lamenta a «precipitação» do Conselho de Administração (CA) nesta matéria. Menos contemplativo continua a ser o Bloco de Esquerda (BE), cuja cruzada pela demissão do CA do Sousa Martins não parece compadecer-se com o recente anúncio do presidente da ARS do Centro.

«Apesar das medidas intempestivas e irresponsáveis que rodearam o encerramento da maternidade, e da total descoordenação existente entre os membros do CA, o presidente da ARS decidiu passar uma esponja sobre o assunto, talvez mais pelo facto de não possuir soluções alternativas do que por outro motivo qualquer», desconfiam os bloquistas da Guarda, em comunicado. De resto, o BE culpa «alguns responsáveis do PSD» de tentarem «branquear» a situação e «enganar os guardenses como se nada se tivesse passado», esquecendo todas as forças vivas da cidade que se manifestaram contra as medidas tomadas pelos responsáveis do Hospital Sousa Martins, «num movimento espontâneo e claramente supra-partidário». Na ordem do dia continua portanto a exigência de demissão «urgente» do CA, mas para travar uma «escalada de destruição» da instituição e de «entrega de valências» a grupos privados ou hospitais SA, «como é claramente o caso do Hospital da Covilhã», denunciam.

Também a concelhia da Guarda do CDS-PP não está satisfeita com o epílogo escrito por Fernando Andrade. Joaquim Canotilho, dirigente popular, insiste no pedido de demissão do CA, responsável pelo «acto intempestivo» do fecho da maternidade, mas lamenta que o presidente da ARS do Centro não tenha feito «o que devia fazer: demitir quem deu provas tão cabais de incapacidade». E acrescenta que a administração do Sousa Martins já «não tem a confiança de ninguém, nem mesmo dos médicos», garante. Do PCP veio a constatação desta ser mais uma tomada de posição «tardia» e que Fernando Andrade fez o que lhe competia. «Pena é que essa solução concertada não tenha passado pela cabeça de ninguém antes do fecho da maternidade», diz Honorato Robalo, que também pensa que o concurso de carenciados já devia ter sido aberto há mais tempo. «Toda a gente sabe que os pediatras vindos ao abrigo do último concurso já não estão no Sousa Martins», recorda o dirigente comunista, esperando que se aplique «finalmente» a lei supletiva de obrigar os funcionários públicos a cumprirem serviço durante três anos nos locais onde foram colocados.

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