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Parque Multiusos da Covilhã substituído por 575 moradias

Boidobra preocupada com o aumento populacional sem infraestruturas adequadas a esse crescimento

Dois anos após ter sido aprovado o Plano de Pormenor do Parque Multiusos da Cidade da Covilhã, junto ao Complexo Desportivo, a maioria social-democrata na Assembleia Municipal aprovou uma nova proposta para aquela zona por causa das alterações do «contexto social, económico e cultural» da cidade.

A alteração ao projecto inicial, que definia um conjunto de equipamentos desportivos e de lazer, um centro comercial com 40 mil metros quadrados e 400 habitações unifamiliares, foi solicitada pelo proprietário, que decidiu não construir o centro comercial e construir mais 175 habitações. «A justificação do promotor baseou-se na falta de viabilidade económica desse empreendimento face à existência de um outro centro comercial (da Sonae) em construção na cidade», explica o parecer do Gabinete de Estudos e Planeamento Estratégico (GEPE) da Câmara da Covilhã, a que “O Interior” teve acesso. Ao todo serão agora construídas naquela zona 575 casas, devendo a Câmara deslocalizar os equipamentos desportivos e de lazer para ali previstos por serem «limitadores das opções e da gestão do próprio parque desportivo», lê-se no parecer do GEPE. Este assunto suscitou muita polémica na bancada da oposição. Para o comunista Jorge Fael, trata-se de uma solução «pobre» e que «desvirtua completamente» a proposta aprovada na Assembleia Municipal em 2003. «É uma solução que aproveita cada milímetro de terreno para encaixotar uma casa», criticou o eleito da CDU, enquanto Pedro Leitão (PS) alega que o plano tem «menos pormenor que o anterior».

Descontente com a nova proposta de Plano de Pormenor do Parque Multiusos está também José Pinto, presidente da Junta de Freguesia da Boidobra. «Um Parque Multiusos é, no mínimo, uma zona de lazer, um espaço verde e um conjunto de benefícios para a comunidade. Agora, transforma-se esse parque, situado nesta freguesia, por uma zona habitacional sem qualquer consulta», criticou o autarca, temendo que aconteça o mesmo que no Bairro da Alâmpada. «Construiu-se habitação sobre habitação sem ser acautelada a construção do jardim-de-infância, que está em Plano de Pormenor há 10 anos, bem como uma creche e escola de primeiro ciclo para fazer face às necessidades da população», recordou, preocupado com o fluxo de população que a freguesia terá dentro de alguns anos devido ao novo complexo habitacional. «Em dez anos crescemos 52 por cento em termos de habitantes. Agora, imaginem o que é ter mais 575 fogos», exemplificou o autarca da Boidobra. Carlos Pinto, por sua vez, justificou que o novo Plano de Pormenor vai permitir «potenciar a envolvência» desse parque desportivo num futuro bairro. «A Covilhã do futuro passa por ligar a Quinta da Alâmpada a todo esta área que vai até ao hospital», acrescentou o autarca, para quem é necessária maior abertura das entidades para haver desenvolvimento urbano. «A cidade tem que oferecer diversificação e não podemos bloquear as boas iniciativas», sublinhou.

Liliana Correia

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