Arquivo

Parque da Saúde plebiscitado no debate sobre novo hospital

Sessão pública da Assembleia Municipal acentuou divergências quanto à localização do futuro edifício

A opção da cerca do antigo Sanatório Sousa Martins foi a grande vencedora do debate público promovido segunda-feira à noite pela Assembleia Municipal sobre a localização «ideal» do futuro hospital da Guarda. Numa sessão onde faltou claramente o “povo” e os políticos divergiram mais uma vez, o terreno do nó do Torrão, escolhido pelo Ministério da Saúde, foi cilindrado, sem apelo nem agravo, por uma vaga de fundo que juntou os deputados da CDU, PP e PS. Todos a favor do Parque da Saúde, considerado por maioria qualificada o melhor local e a solução mais barata para construir o novo edifício. Só o PSD não quis contribuir para esta onda e absteve-se de sugerir um local, preferindo antes deixar a decisão para os técnicos.

A única novidade da noite foi trazida por Maria do Carmo Borges, que revelou a vinda à Guarda, no passado dia 20 de Outubro, de um técnico da Direcção-Geral dos Equipamentos de Saúde (DGES) para visitar os terrenos do Torrão, Maúnça e a cerca do ex-sanatório. «Não tenho assim tanta certeza que a decisão técnica esteja tomada», realçou, acrescentando, contudo, que a autarquia ainda hoje aguarda por uma confirmação «final e digna» para a Guarda. A presidente receia, de resto, que alguém tenha «induzido em erro» o ministro da Saúde quando anunciou a escolha do nó do Torrão e garantiu que a Câmara não está disponível para negociar «sob pressão». «Mantemos o compromisso de adquirir o terreno, mas não aceitamos imposições de ninguém. Até podia ser o Torrão, desde que o ministério comunicasse primeiro e oficialmente a decisão final à Câmara da Guarda», admitiu, não sem antes sugerir que a autarquia poderá encontrar outro terreno para o novo centro de saúde da Guarda no caso desta infraestrutura inviabilizar a construção do futuro hospital na cerca do ex-sanatório.

Do lado oposto, Carlos Gonçalves e Ana Manso defenderam a tese de que este debate público era «extemporâneo» e que chegou a altura do assunto «passar da esfera política para a técnica, pois só os técnicos dirão qual é o melhor local», sublinhou Gonçalves. Uma opinião partilhada pela líder da distrital, vereadora e deputada, para quem a localização é neste momento uma «questão secundária, pois a principal já está resolvida, uma vez que a Guarda vai ter um novo hospital». De resto, Ana Manso constatou que o «esforço e o sucesso» do PSD neste processo ficou «reconhecido» no debate, uma vez que o tema já não é um novo hospital mas a sua localização. «Não devemos impor soluções tacanhas e medíocres às gerações futuras», concluiu, numa alusão clara à opção do Parque da Saúde, que, na sua opinião, deve ser «devolvido à cidade como espaço qualificado e de bem-estar». António Saraiva, da bancada socialista, discordou desta posição, defendendo ser «tecnicamente viável» construir novo hospital na cerca do ex-sanatório. «Nada está decidido e até 2007 ainda é possível ponderar e voltar atrás nas decisões», reclamou, argumentando que há espaço disponível na cerca, uma localização que permite poupar «cinco milhões de euros» ao erário municipal. «Se assim não for, começo a acreditar que tem que haver interesses económicos para se defender o que é indefensável», desconfia.

Noutro campo, PP e CDU partilharam os mesmos receios. Honorato Robalo, primeiro, disse que a CDU era «defensora» do Parque da Saúde e adepta da ideia do futuro hospital ser construído com investimento público «e não da Câmara da Guarda». Já Pereira da Silva exigiu provas quanto às vantagens em «deslocalizar» o hospital para outro local: «Sou pela cerca, a não ser que haja técnicos competentes que provem as mais-valias do ponto de vista das infraestruturas num edifício a 800 metros de distância».

Luis Martins

Sobre o autor

Leave a Reply