A polémica entre o vereador Serra dos Reis e a Câmara Municipal da Covilhã teve mais um episódio e, desta vez, com a presença de Carlos Pinto. O presidente da Câmara reforçou a ideia de que não vai dar qualquer subsídio ao Centro de Apoio a Crianças e Idosos de Cortes do Meio, presidido por Serra dos Reis, enquanto este não negar publicamente que a Câmara vive uma situação financeira periclitante. E explicou a exigência com duas analogias: “É o mesmo que criticar um jornal e depois pedir uma entrevista nas páginas centrais ou então falar mal de um banco e depois chamar o gerente e pedir um empréstimo”, disse Carlos Pinto.
Lamento discordar mas, efectivamente, não é a mesma coisa senhor presidente. Bancos e jornais são empresas privadas com gestores nomeados para maximizar os lucros. Caso tal não aconteça, os accionistas podem a qualquer momento demitir os gestores, meros funcionários das empresas. Já a Câmara Municipal é uma instituição pública dirigida por políticos eleitos e que tem como escopo fundamental servir os seus munícipes. Estes, ainda que desagradados com a acção dos eleitos, não podem convocar eleições nem interferir na gestão da autarquia. As situações não são, por isso, comparáveis. Só o seriam se Carlos Pinto fosse dono da Câmara Municipal, o que não é o caso.
A comparação com o pedido de empréstimo ao banco também é curiosa: então os bancos não emprestam dinheiro a quem os critica, senhor presidente? Não me parece. Basta abrir um jornal, ver televisão ou ouvir rádio para se perceber que os bancos estão entre os maiores anunciantes e disputam o mercado do crédito com unhas e dentes. O exemplo usado pelo presidente da Câmara está, mais uma vez completamente desfasado da realidade actual, pelo que só vejo duas hipóteses: a primeira é o cidadão Carlos Pinto não ter precisado ultimamente de recorrer a empréstimos bancários, justificando-se assim o desconhecimento da realidade. A segunda hipótese é a Câmara ter tido dificuldades em conseguir algum empréstimo por ter esgotado a sua capacidade de endividamento. Mas, neste caso, a situação financeira da autarquia é tão má como diz a oposição.
Por: João Canavilhas