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Parcómetros avariados

Com certeza preocupada com assuntos de maior importância para os seus munícipes, a Câmara da Guarda continua a negligenciar algumas áreas que – pareça ou não – continuam a ser da sua competência. A estranheza que sempre me causou o facto do estacionamento no centro da cidade, cobrado pela autarquia, ser fiscalizado pela PSP foi passando com os anos e, depois, com o facto de já não residir aqui. Mas se estes assuntos de ordem estrutural só ideologicamente poderão moer, há outros que no quotidiano nos deixam perplexos e aborrecidos, mediante a disposição do dia.

O tempo em concreto: esta terça-feira de manhã (acredito que, no final, alguns dos leitores se recordem de outros dias, a outras horas). Estacionei na Rua Marquês de Pombal (estacionar sem grande dificuldade no centro da urbe é um luxo que os guardenses ainda têm) e o parcómetro – a máquina – exigia-me (reformulo: uma máquina exigia-me) que me dirigisse ao aparelho mais próximo. Respeitoso, obedeci ao objecto avariado.

O caminho até ao Largo Humberto Delgado, junto ao Jardim José de Lemos, fez-me encontrar uma conhecida. Vinha ela da PSP, onde dera conta que o parcómetro – aparentemente sem qualquer anomalia – instalado em frente ao café e à farmácia que ali se encontram, lhe havia retido (um eufemismo que a boa educação me obriga a usar) algum dinheiro sem que entregasse o respectivo talão. Que fosse ao mais próximo, disseram-lhe também.

De tarde, o cenário não foi muito diferente naquela zona. Na Marquês de Pombal, a máquina devolvia o dinheiro mas não dava talão. No Largo Frei Pedro repetia-se o que ao lado se passara de manhã, ficando com o dinheiro de quem esperava utilidade ao parcómetro. Em conversa com amigos, dizem-me que o mesmo havia sucedido num aparelho perto da Sé. A talhe de foice, outro assombro: de que valem os lugares azuis para carros ‘verdes’ na zona do Hotel Turismo se nem se vê indicação de exclusividade no parqueamento…

A PSP, que fiscaliza o sistema de estacionamento, acolhe as reclamações e faz o que pode: pede a localização do veículo para que os colegas, no incumprimento do dever, não penalizem que até queria cumprir também a sua obrigação e pagar. Fica por saber ao certo quanto dinheiro já perderam os automobilistas e qual o montante que a autarquia já deixou de ganhar com estas situações. Talvez fique ela por ela e, por isso, a preocupação do município não seja maior…

Igor Costa, Guarda/Lisboa

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